
Manuela Silva na Fundação Betânia, por ela fundada. Foto © Maria do Céu Tostão, cedida pela autora.
“Rosto do combate à pobreza” em Portugal, a economista Manuela Silva (1932-2019) é homenageada no último número da revista Faces de Eva e será o centro de um debate em vídeo, que decorre nesta quarta-feira, 24, entre as 15h e as 16h30, através da ligação zoom criada para o efeito.
“Um dos seus legados mais importantes foi a forma de olhar para o problema da pobreza”, escreve o também economista Carlos Farinha Rodrigues, que foi seu aluno de mestrado e doutoramento, no número da revista da Universidade Nova de Lisboa dedicada aos estudos sobre a mulher.
Farinha Rodrigues diz, no texto: “aprendi muito do ponto de vista académico e beneficiei largamente da sua energia resplandecente e contagiante, capaz de galvanizar e mobilizar vontades e de conferir sempre uma utilidade social ao trabalho desenvolvido.” E acrescenta: “acima de tudo, aprendi com ela uma visão profundamente humanista da sociedade e do mundo, em que a atividade humana somente ganha o seu verdadeiro sentido se se traduzir num serviço à comunidade em que estamos inseridos e, em particular, aos seus elementos mais desfavorecidos.”
Na sua análise sobre o contributo de Manuela Silva, o economista diz que ela entendia que a pobreza não pode ser analisada “como um problema exclusivo da população pobre” e resolúvel “exclusivamente com políticas dirigidas aos pobres”. Antes, pressupõe a “alteração profunda do modo de produção e redistribuição da riqueza” e “pressupõe questionar o modelo de crescimento/ desenvolvimento do conjunto da sociedade”.

Capa da revista Faces de Eva.
Foi Manuela Silva, recorda ainda Farinha Rodrigues, que protagonizou a campanha que levou, em 2008, à declaração da pobreza como violação dos Direitos Humanos. “Infelizmente, essa aprovação não se traduziu em medidas concretas e em resultados conducentes à erradicação da pobreza”, diz o economista.
Num outro texto na mesma revista, Margarida Chagas Lopes destaca o contributo de Manuela Silva também para a reflexão sobre a educação. Esta deveria ter como finalidade “a realização pessoal e o desenvolvimento integral de cada cidadão responsável”, no caminho para a felicidade. O que revela uma “articulação clara” com o modo como ela concebia a educação: “formar profissionais – mas também cada cidadão enquanto tal – eticamente responsáveis para o bem colectivo”.
No debate desta quarta à tarde intervêm, entre outras pessoas, Zília Osório de Castro, primeira responsável da Faces de Eva); a secretária de Estado para Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro; Regina Tavares da Silva, investigadora em igualdade de género; Carlos Farinha Rodrigues e Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud.