
Cidadãos na Praça do Município, em Lisboa, nas cerimónias do 5 de Outubro © Rui Ochoa/Presidência da República.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta terça-feira que Portugal deve ser um país “mais inclusivo”, para assim melhor projetar “no futuro os ideais originários da República: um Portugal mais atento ao povo, à sua soberania, às suas necessidades, à sua voz”.
Falando na cerimónia evocativa da implantação da República, nos Paços do Concelho de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa que essa atenção do Portugal “mais inclusivo” se deve centrar “nos direitos sociais, na atividade económica, na educação”.
Para o Presidente da República, “o Portugal que somos nunca vencerá os desafios da entrada a tempo no novo ciclo económico e da multiplicação do conhecimento com dois milhões de pobres e alguns mais em risco de pobreza”. E, nesta passagem do seu discurso, recordou o nome de Alfredo Bruto da Costa, um dos maiores pensadores das questões da pobreza do país e que foi presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.
Marcelo recordou que Bruto da Costa dizia que a pobreza “existe e passa de geração para geração porque as desigualdades sociais afastam pessoas, classes, setores, regiões”, acrescentando que esta pobreza e estas desigualdades “não [foram] vencidas mesmo em anos de desenvolvimento económico”.
Se o Chefe do Estado quer “um 5 de outubro” como “uma data viva”, criando “um Portugal mais inclusivo”, desse país fazem parte, também, emigrantes e imigrantes. “O Portugal que somos nunca vencerá os desafios da economia e do conhecimento se não souber assumir sem traumas nem complexos que a nossa identidade nacional é feita da valorização dos nossos emigrantes espalhados pelo mundo, cerca de 6 milhões, e também dos imigrantes, 600 mil nas estatísticas”, apontou.
Retomando um tema que já tinha abordado nas suas intervenções no 25 de Abril e no 10 de Junho, Marcelo insistiu que a identidade portuguesa “é feita ainda de raças, culturas, religiões, costumes, práticas, às dezenas e centenas, com a sua diferença e o seu direito à não-discriminação”. Com um objetivo comum, apontou: “Elas e eles que moldam essa identidade nacional, dão projeção universal, natalidade, riqueza material e espiritual, que é de todos nós. Não-discriminação lá fora e cá dentro, plenamente assumida mesmo em anos ou décadas de crescimento e de convergência económica.”

Hastear da bandeira, pelo Presidente da República, nos Paços do Concelho, em Lisboa, nas cerimónias do 5 de Outubro © Rui Ochoa/Presidência da República.