
Sarauis em Tindouf (sudoeste da Argélia), numa visita do ex-enviado especial das Nações Unidas, Horst Kohler: o reconhecimentos dos Estados Unidos da ocupação do Sara Ocidental por Marrocos foi a moeda de troca para o acordo de Marrocos com Israel. Foto © Tomás Sopas Bandeira
O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou esta quinta-feira, 10, que Marrocos vai normalizar as relações com Israel, depois de os EUA terem reconhecido a soberania marroquina sobre o Sara Ocidental. O Bahrein e os Emiratos Árabes Unidos já tinham concordado nos últimos meses em reatar as relações com Israel, e o Sudão garantiu o seu acordo de princípio para fazer o mesmo.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, descreveu o acordo como “mais um grande raio de luz para a paz” e avançou que os dois países pretendem reabrir os gabinetes de comunicações económicas, encerrados desde 2002, e trabalhar rapidamente para nomearem embaixadores e começarem a ter voos diretos entre os seus territórios, noticia a RTP.
Com a decisão de Trump, os EUA tornam-se o primeiro membro das Nações Unidas a reconhecer o Sara Ocidental como parte de Marrocos, apesar de a ONU o manter na lista dos territórios a descolonizar – e há mesmo um representante especial do secretário-geral para o Sara Ocidental.
“A séria, credível e realista proposta de autonomia é a ÚNICA base para uma solução justa e duradoura que garante a paz e a prosperidade”, afirmou Donald Trump. “Marrocos reconheceu os Estados Unidos em 1777. É, por isso, adequado que reconheçamos a sua soberania sobre o Sara Ocidental”, diz o ainda Presidente, acerca de uma realidade que, mas últimas semanas, voltou a registar focos de confronto entre a Frente Polisário, que lidera a luta pela independência do território, e o exército marroquino.
Meios de comunicação israelitas citados também na RTP dizem que o acordo foi proposto por Israel à Casa Branca no início deste ano quando, de acordo com jornais franceses, Marrocos adquiriu três drones a Israel por 48 milhões de dólares.
O primeriro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nega, no entanto, que as questões de segurança sejam o tema do acordo, que se funda, argumenta, nos muitos israelitas de origem marroquina: “Todos conhecem os fortes laços dos reis marroquinos e do povo marroquino com a comunidade judaica em Israel. Centenas de milhares de judeus deslocaram-se de Israel para Marrocos e formam uma ponte viva entre os povos de Marrocos e de Israel. Esta base sólida é a fundação na qual construímos esta paz”, acrescentou.