
Reinhard Marx. Foto © Klaus D. Wolf/Erzbischöfliches Ordinariat München
O Cardeal Reinhard Marx considera que o papel da mulher na Igreja está mais “maduro” que nunca e que elas podem ser colocadas em lugares de poder e decisão, que os escândalos dos abusos sexuais têm como “problema de fundo o abuso de poder” e que os homossexuais são “parte da Igreja”, numa entrevista ao La Stampa citado aqui pelo Religion Digital.
O cardeal não acha que a Igreja seja uma “fortaleza”, onde nos podemos abrigar a aguardar que “passem as tormentas”, mas antes deve ser um “testemunho de nova esperança”. “O povo de Deus, para dar consolo e ânimo, para procurar a paz, está chamado a derrubar muros”, considera o purpurado alemão.
Sobre as mulheres, reforça que é preciso ler os “sinais dos tempos”, e que hoje homem e mulher são iguais, algo que está “fundamentado na Bíblia”. “Sobre o sacerdócio feminino, João Paulo tomou uma decisão clara em sentido contrário, mas este debate ainda não acabou”, considera, acrescentando que, agora, a prioridade deve ser “fazer com que as mulheres participem mais intensamente na vida da Igreja, inclusive nos postos mais altos: não para agradar, mas porque é algo que vem do Evangelho”.
Sobre o celibato obrigatório, Reinhard Marx põe em causa que apenas “os solteiros possa consagrar e presidir à celebração da Eucaristia”, e dá o exemplo dos agentes pastorais leigos na Alemanha, que “pregam, que acompanham funerais”, ou a Amazónia, onde “os crentes esperam dois ou três anos pela celebração da Eucaristia”. “Estou certo que o celibato é um sinal forte de seguir a Cristo”, afirma, mas questiona se “manter o celibato obrigatório não é mais do que manter viva uma tradição” que impede acolher “as vocações presbiterais que existem entre homens casados”.