
A igreja matriz de Moncorvo. Foto © Vítor Oliveira
A igreja matriz de Torre de Moncorvo, construída nos séculos XVI-XVII com a ambição de poder vir a ser sede de diocese, recebeu este sábado, 29, o título de “basílica menor”, por decisão do Papa Francisco.
O decreto é da responsabilidade da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e reconhece a importância deste espaço de culto, quer do ponto de vista litúrgico e pastoral, quer do ponto de vista do valor patrimonial e arquitetónico.
A proposta que deu origem à decisão de Roma foi apresentada em 2020 pelo então bispo de Bragança-Miranda, José Cordeiro, o qual contou com pareceres positivos da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Torre de Moncorvo, do clero diocesano, da Direção Regional de Cultura do Norte, e de outras instituições. Contou ainda com a anuência da Conferência Episcopal.
A proclamação solene deste reconhecimento vai ocorrer em 18 de julho próximo, dia em que a Igreja celebra a memória de S. Frei Bartolomeu dos Mártires. Foi este arcebispo de Braga (1514-1590) que, conforme sugeriu o atual administrador apostólico da diocese de Bragança, terá pensado na criação de uma diocese na região, a fim de reduzir a vastidão da Arquidiocese de Braga, a que Moncorvo pertencia.
Perante essa expectativa, as entidades locais terão mesmo feito chegar essa pretensão ao rei D. Filipe II, em 1617, argumentando não apenas com a imponência da igreja que agora passou a basílica, então em fase adiantada de construção, mas também com os recursos económicos necessários para sustentar um bispado.
Na verdade, tanto os estudiosos deste monumento como os simples turistas sintonizam numa ideia, quando se pronunciam sobre a atual igreja matriz de Moncorvo: a sua monumentalidade, que nada fica a dever a algumas catedrais. As dimensões que fazem destacar a construção do conjunto dos edifícios da zona central, a elegância da torre que se destaca na fachada, os dois pórticos, as esculturas, os frescos, os retábulos, as nervuras de estilo manuelino na abóbada da sacristia e o órgão do séc. XVIII são sinais dessa grandiosidade. A capela-mor do templo possui “uma pintura integral, sobre granito na abóbada de berço, cornija, arco cruzeiro e enxalços dos vãos, e sobre reboco nas paredes”, refere a informação da entidade responsável pelo monumento.

Obras na igreja de Moncorvo. Foto © DRCN
Presentemente, nela decorrem obras de conservação e restauro, incidindo numa primeira fase precisamente sobre as pinturas murais da capela-mor, deterioradas devido a infiltração de humidade.
A matriz é monumento nacional desde 1910, é propriedade do Estado e está afeta à Direção Regional de Cultura do Norte no que à gestão e atendimento dos visitantes diz respeito, podendo ser visitada de terça a domingo. Os acessos a Moncorvo ficaram muito facilitados, desde que entrou em funcionamento o Itinerário Complementar (IC) 5, que dá acesso fácil a toda a parte sul e este do Nordeste transmontano.