Abusos sexuais na Igreja

Miriam: o relato na primeira pessoa de vítima de abuso sexual

| 19 Nov 2022

Infância. Abusos. Série "Childhood Fracture" (V), de Allen Vandever

Infância. Abusos. Série “Childhood Fracture” (V), de Allen Vandever. Reproduzido de Wikimedia Commons

 

Miriam foi abusada sexualmente quando tinha 17 anos, por um padre diocesano e em contexto de confissão, testemunhou a própria ao PontoSJ, a publicação online dos jesuítas. 

“A experiência do abuso é algo avassalador; muda a nossa vida por completo; é como se houvesse uma pessoa antes do abuso e uma pessoa depois do abuso”, conta Miriam (nome fictício), acrescentando: “A dor que é causada na hora, depois perpetua-se no tempo enquanto não conseguimos pedir ajuda e enquanto não temos uma ajuda efetiva que nos consiga ajudar a lidar com esta situação.”

Na conversa mantida com Sofia Marques, coordenadora provincial do Serviço de Proteção e Cuidado da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, Miriam, descreve o impacto que o abuso teve na sua vida, pretendendo este relato — como é dito — “ser uma ajuda para compreender melhor o que sente quem passa por esta experiência traumática”. 

Hoje adulta, “Miriam pediu ajuda, deu o seu testemunho e denunciou o abuso sofrido há mais de 20 anos, encontrando-se em caminho de reparação e reconciliação”.

Este testemunho foi publicado nesta sexta-feira, assinalando assim o Dia Europeu da Proteção das Crianças contra a Exploração Sexual e os Abusos Sexuais, uma data que, segundo o PontoSJ, “pretende sensibilizar a sociedade para a relevância e prevalência destes crimes que acontecem em todos os contextos, em especial no círculo intra-familiar”.

Segundo a publicação dos jesuítas, este testemunho de uma vítima de abuso sexual é divulgado “numa altura em que Portugal atravessa um período de melhor conhecimento desta problemática, através da revelação de vários casos concretos que ocorreram no seio da Igreja Católica ao longo das últimas décadas”.

Como crente em Deus e na Igreja, Miriam expressa o seu desejo de “poder ser um rosto dessa Igreja que confia e que pode ser confiada” e conta, na primeira pessoa, o que sente uma pessoa vítima de abuso. A partir do que sentiu perante quem passou ao lado e perante quem parou para cuidar das suas feridas, o seu testemunho é uma ajuda para percebermos melhor como devemos agir para que uma vítima de abusos se sinta verdadeiramente acolhida e escutada.

Em relação a Deus, cuja existência nunca pôs em causa, mas sim a sua presença no momento do abuso, relata também como a sua fé a salvou nos momentos de maior agonia “Ele permite-nos revoltarmo-nos contra Ele sem ficar magoado e permite-nos revoltar-nos contra os outros sem sermos vingativos e permite-nos revoltar-nos contra a Igreja sem a abandonar na totalidade”.

 

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