padre Ha-Jo Lohre, sequestrado no Mali, Foto Raphael Atenas (1)

O padre alemão, de 65 anos, já havia manifestado estar ciente dos riscos que corria no Mali. Foto © Raphael Atenas.

 

Há pouco mais de um ano, era libertada no Mali a religiosa colombiana Gloria Cecilia Narváez, depois de ter passado quatro anos em cativeiro. Agora, está desaparecido o padre alemão Hans-Joachim Lohre, missionário há 30 anos naquele país, e a hipótese de sequestro ganha cada vez mais força. Para a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que tem apoiado os projetos do padre Lohre, “o que está a acontecer é uma tragédia, uma ferida aberta no mundo” causada pelo terrorismo.

“Pedimos orações a todos os nossos benfeitores e amigos para a libertação imediata do padre Ha-Jo [como é conhecido]. Ele é um construtor de paz no meio da violência e do terrorismo. A nossa Fundação tem apoiado a sua missão nos últimos anos e agora ele precisa das nossas orações e solidariedade”, afirmou esta terça-feira, 22 de novembro, Thomas Hene-Geldern, presidente executivo internacional da Fundação AIS, quando soube do desaparecimento do padre Hans-Joachim, da Sociedade dos Missionários de África (também conhecidos como Padres Brancos), em Bamako, a capital do Mali.

“Além das orações, a AIS encoraja a comunidade internacional a fazer todos os possíveis para aliviar a situação causada pelos jihadistas nas populações do Sahel que estão a sofrer, não apenas no Mali mas também nos países vizinhos”, afirmou ainda Heine-Geldern num comunicado emitido em Köignstein, a sede da Ajuda à Igreja que Sofre. “O que está a acontecer é uma tragédia, uma ferida aberta no mundo”, disse ainda o presidente da instituição.

 

“Avisaram-nos de que os jihadistas estão a observar-nos”

O padre Hans-Joachim Lohre desenvolvia um importante trabalho ao nível do diálogo inter-religioso, lecionando no Instituto de Educação Cristã-Islâmica. O misionário alemão terá sido raptado no domingo perto da escola onde trabalhava, quando se preparava para celebrar missa numa igreja na região. O seu automóvel foi encontrado abandonado e a cruz que ele trazia sempre consigo estava no chão.

O padre alemão, de 65 anos, já havia manifestado estar ciente dos riscos que corria no Mali, tendo-o referido em declarações à AIS: “Avisaram-nos de que os jihadistas estão a observar-nos”, afirmou. Mas o seu foco era cultivar o diálogo entre religiões, mesmo num ambiente relativamente hostil: “Há quase 30 anos que vivo no Mali, na África Ocidental, mais precisamente em Bamako, onde temos um grande centro para o diálogo cristão-muçulmano, que forma leigos, padres e religiosas nos estudos islâmicos. Damos-lhes um conhecimento aprofundado do Islão. Assim, quando regressarem à sua comunidade, poderão construir pontes para terem contacto com as mesquitas das proximidades. Existem fortes correntes fundamentalistas no Mali neste momento, mas a grande maioria quer apenas viver em paz. Por isso, é essencial que nós fomentemos uma boa relação com os muçulmanos que nos rodeiam”.

De acordo com a agência Fides, a nacionalidade do missionário poderá ter “atraído” o interesse de alguns grupos terroristas que operam no Mali, visto que a Alemanha é um dos poucos países europeus que continua a ter os seus militares na região, depois da retirada da França e de a Grã-Bretanha ter anunciado que fará o mesmo.

 

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