1956-2022

Morreu Ana Luísa Amaral. “Quando escrevo o poema não penso o que vou fazer”

| 6 Ago 2022

Ana Luísa Amaral, na feira do livro de Gotemburgo (na Suécia), em 2013. Foto © Mattias Blomgren, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons

Ana Luísa Amaral, na feira do livro de Gotemburgo (na Suécia), em 2013. Foto © Mattias Blomgren, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons.

 

A poeta Ana Luísa Amaral, recentemente galardoada com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, morreu na sexta-feira, aos 66 anos, revelou este sábado, 6, a Universidade do Porto (UP). Em comunicado, a UP explica que a poeta “faleceu durante a noite de ontem [sexta-feira], dia 5 de agosto, vítima de doença prolongada”. 

A Universidade recorda a também investigadora e professora da Faculdade de Letras da UP como “uma autora extraordinária, uma académica distinta e uma cidadã empenhada”.

“A sua obra literária irá certamente garantir que o nome de Ana Luísa Amaral perdurará para todo o sempre, mas quem teve o privilégio de a conhecer de perto terá a memória de uma pessoa generosa e uma ativista dedicada às causas da igualdade e da solidariedade social”, refere o reitor da UP, António de Sousa Pereira, citado na nota de pesar.

Na entrevista que deu ao Expresso (no podcast O Poema Ensina a Cair), em maio de 2019, a poeta revelava as suas paixões. “Tenho as minhas grandes paixões: Emily Dickinson, William Blake, William Shakespeare. Peço desculpa por ir tão para trás, porque realmente estes são os grandes para mim.”

Nessa mesma entrevista, Ana Luísa Amaral confessava que tinha uma pilha de poemas por publicar, postos de lado. Ou por não prestarem, e ria-se, ou por não caberem num livro. E explicava-se: “Uma coisa é escrever poesia, outra coisa é fazer livros. Fazer um livro de poemas, para mim, pressupõe oferecer uma certa ordem aos poemas, digamos assim. É-me mais fácil escrever poemas do que fazer livros, devo dizer. Um livro para mim tem de ter uma coerência interna, e aí sim eu penso o que vou fazer com os poemas. Quando escrevo o poema não penso o que vou fazer.”

Já em 2021, ao Público, dizia que a poesia não era uma carreira. “Isto não é a minha carreira, que essa foi na universidade, é aquilo que eu faço porque tenho mesmo de fazer: poesia.”

Em abril de 2020, Teresa Vasconcelos escrevia no 7MARGENS, a propósito do livro Ágora, que “Ana Luísa Amaral é uma mulher de fé. Ela vive e acredita no ‘para além de’, ela propõe a sua imensa criatividade em alternativa à destruição e à morte. Ana Luísa Amaral possui uma inquietação de mulher-mística.”

Distinguida com vários prémios literários nacionais e internacionais, Ana Luísa Amaral nasceu em Lisboa em 1956, mas cedo adotou o Porto e Leça da Palmeira, em Matosinhos, como residência.

O corpo de Ana Luísa Amaral está em câmara ardente desde as 17h00 de sábado, na Capela do Corpo Santo, em Leça da Palmeira. O funeral realiza-se este domingo de manhã, às 11h15, no Tanatório de Matosinhos.

A seguir, fica a ligação para um poema de Ana Luísa Amaral, também já publicado no 7MARGENS:

As pequenas gavetas do amor

 

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