22 de julho, festa de Santa Maria Madalena

Movimento católico quer “narrativa completa” do dia da Ressurreição

| 21 Jul 2023

Maria Madalena imaginada pelo pintor italiano Rutilio Manetti em 1620

Maria Madalena imaginada pelo pintor italiano Rutilio Manetti em 1620.

 

Para celebrar a figura de Santa Maria Madalena como primeira testemunha da Ressurreição de Jesus e como “apóstola dos apóstolos”, o Papa Francisco elevou a memória desta importante mulher dos evangelhos à categoria de “festa”, celebrada a 22 de julho, com dignidade idêntica às festas dos apóstolos e evangelistas. Alguns setores católicos entendem que se deve ir mais longe, tirando consequências deste exemplo quanto ao lugar que as mulheres ocupam e deveriam ocupar na vida atual da Igreja.

Muitos cristãos continuam longe da figura de Maria Madalena ou de Jesus com ideias que caíram por terra, como por exemplo a de que se tratou de uma prostituta que se veio a arrepender, quando encontrou Jesus. No entanto, nada, na Bíblia, permite tirar conclusões nesse sentido.

Como refere uma carta datada do último domingo, 16 de julho, assinada pelo arcebispo Arthur Roche, secretário do Dicastério para o Culto Divino, “a tradição ocidental, em especial desde o tempo de Gregório Magno, identificou Santa Maria Madalena; a mulher que ungiu os pés de Cristo com perfume na casa de Simão, o fariseu; e [Maria] a irmã de Lázaro e Marta, como sendo a mesma pessoa”. Esta interpretação “continuou a influenciar os autores eclesiásticos ocidentais, a arte cristã e os textos litúrgicos relativos a esta Santa”, acrescenta aquele responsável.

O que é certo é que ela se encontrava entre os discípulos, esteve presente no momento em que Jesus foi crucificado e foi a primeira a descobrir o túmulo vazio, a encontrar o Ressuscitado e a corresponder ao pedido para que fosse anunciar essa boa nova. Daí o epíteto de “apóstola dos apóstolos”, que foi proposto por S. Tomás de Aquino e que, nos últimos anos, tem vindo a ser recuperado.

Nesta linha, o movimento católico FutureChurch, sediado nos estados Unidos da América, tem em curso um abaixo-assinado para que, no mais importante dia (litúrgico) do ano – o domingo de Páscoa – haja uma leitura completa da narrativa que diz respeito a Maria Madalena (ou de Magdala).

Segundo se pode ler no texto, nas celebrações desse domingo, é lido o capítulo 20 do evangelho de João, mas apenas a parte dos versículos 1 a 9. O que é solicitado aos responsáveis eclesiásticos – designadamente ao Sínodo dos Bispos que se reúne em primeira sessão em outubro próximo – que seja também incluída a proclamação dos versículos 11 a 20, que atualmente só acontece na terça-feira seguinte, quando o número de frequentadores da eucaristia é muito menor. Neles é que sobressai o papel de Maria Madalena: os discípulos tinham voltado para casa, mas, segundo o relato evangélico, ela ficou junto ao túmulo a chorar, quando lhe aparece Jesus que a incumbe de levar a boa nova aos discípulos.

 

“Foi a uma mulher que Cristo apareceu”

Angelo Bronzino (1503-1572), Noli me tangere, Museu do Louvre, Paris

Aquele movimento partilha da ideia de que qualquer discussão sobre o papel das mulheres na Igreja deve começar com estes dois factos, sublinhados pelo padre jesuíta James Martin, consultor do Dicastério para a Comunicação: “Foi a uma mulher, e não a um homem, que Cristo ressuscitado escolheu aparecer pela primeira vez; e foi uma mulher que, durante algum tempo, foi a única recetora, portadora e proclamadora da boa nova da Ressurreição.”

Na linha de ação que o Papa Francisco tem vindo a impulsionar, no sentido de criar uma presença mais incisiva das mulheres na Igreja, o Future Church entende que “é tempo de contar a história completa do testemunho apostólico” de Maria Madalena em cada Páscoa, para que “todos os católicos possam ser inspirados pela Boa Nova da sua fé, coragem e ministério”.

A oportunidade do abaixo-assinado tem que ver com o Sínodo dos Bispos, visto que o Instrumentum Laboris que orientará os trabalhos dos participantes aborda a necessidade de uma maior inclusão das mulheres na vida, no ministério e no governo da Igreja.

O movimento norte-americano, com membros em diferentes partes do mundo, desenvolveu preparativos para a festa de Santa Maria Madalena deste ano, colocando-os sob a égide da sinodalidade que, segundo afirma, foi praticada pelo próprio Jesus, “através do exemplo (…), ensinando através de parábolas; procurando as periferias, cujas vozes tinham sido ignoradas ou silenciadas; colocando cada pessoa que encontrava no seu caminho no centro do seu ministério”.

O FutureChurch sustenta que poderá ter sido uma “falha” na história da sinodalidade o facto de os outros apóstolos “terem ignorado o testemunho de Maria Madalena”. “Ainda hoje vivemos com a ferida desse ‘erro’ na nossa Igreja”, observa o Movimento, que apela a uma maior igualdade para as mulheres na Igreja para que se possa “Alargar o Espaço da Nossa Tenda”, onde caibam “tantas mulheres ignoradas e desacreditadas”.

 

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