Um estudo recente realizado em França por duas agências de investigação concluiu que pessoas com nome e apelido muçulmanos que se candidatam a programas de pós-graduação são mais discriminados do que aqueles com nomes etnicamente franceses.
O estudo foi realizado pela Agência de Monitorização da Discriminação e Igualdade no Ensino Superior (ONDES) e da Universidade Gustave-Eiffel, através do envio de mais de 1.800 inquéritos enviados por correio electrónico, em Março do ano passado, a directores de educação de 607 programas de pós-graduação de 19 universidades. O objectivo, diz o Muslim News, do Reino Unido, era verificar se há discriminação das escolas de ensino superior em relação a pessoas com deficiência ou de origem estrangeira.
Apesar de afirmarem que respeitam a diversidade, os investigadores registaram que quem tem um nome muçulmano tinha 12,3% menos probabilidades de receber respostas a mensagens de correio electrónico enviadas aos seus programas de pós-graduação. O pior era no direito (33,3% menos de respostas) seguido da ciência, tecnologia e saúde (21,1%); situação menos grave (7,3%) registava-se nos campos da língua, literatura, arte, humanidades e ciências sociais.
Em relação às pessoas portadoras de deficiência física, os investigadores não registaram qualquer discriminação.
O Muslim News recorda que a questão dos direitos dos muçulmanos tem sido objecto de debate e tensão em França, nos últimos anos, até porque também não têm faltado episódios de violência terrorista reivindicada pelo autodenominado Estado Islâmico. Foram os casos dos ataques ao jornal Charlie Hebdo (Janeiro de 2015, doze mortos), à discoteca Bataclan (Novembro 2015, 130 mortos), ao professor Samuel Paty (Outubro de 2020) e na basílica de Notre Dame em Nice (três mortes).
No mesmo jornal, recorda-se ainda princípio da laicité, que vem da Revolução Francesa e segundo a qual o Estado adopta uma perspectiva distante das religiões e uma posição neutra, que “não reconhece diferenças religiosas entre os cidadãos”.