
Eugenia Quaresma defende que Igreja e sociedade devem trabalhar “em conjunto” nesta questão dos refugiados e migrantes. Foto © Ricardo Perna | Família Cristã
A diretora da Obra Católica de Migrações (OCPM) afirmou que a Igreja “não pode aceitar” discursos racista e xenófobos, pedindo uma “mudança” na narrativa. “Aquilo que é preocupante é quando transformamos os migrantes em bodes expiatórios. E é isso que a Igreja não pode aceitar e que a Igreja não aceita”, refere Eugénia Quaresma, em entrevista conjunta à Ecclesia e Renascença, a respeito do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado que se celebra hoje, dia 25 de setembro.
A responsável defende uma “mudança na narrativa”, que leve todos, na Igreja e na sociedade, a “trabalhar em conjunto”. “Quem trabalha diariamente com migrantes e refugiados consegue estar mais disponível para escutar as histórias, para ver estes irmãos e reconhecer o sentido da fraternidade. Quem não está habituado, quem não conhece esta realidade deixa-se mais facilmente contagiar pelo medo, o medo do desconhecido”, acrescentou.
Eugénia Quaresma elogiou a solidariedade com as pessoas que fugiram da guerra na Ucrânia e pede que “algumas dessas respostas sejam fixadas e alargadas a outras nacionalidades”. “Um dos momentos de tristeza neste movimento todo foi quando, nas fronteiras, sentimos que houve pessoas que ficaram para trás porque não eram identificadas como vindas da Ucrânia”, apontou.
Na sua mensagem para este dia, o Papa Francisco defende que “ninguém deve ser excluído” da sociedade. “Ninguém deve ser excluído. O plano divino é essencialmente inclusivo e coloca, no centro, os habitantes das periferias existenciais. Entre estes, há muitos migrantes e refugiados, deslocados e vítimas de tráfico humano”, refere o texto, divulgado pelo Vaticano.
Francisco recorda também as recentes experiências da guerra e da pandemia de Covid-19. “À luz do que aprendemos nas tribulações dos últimos tempos, somos chamados a renovar o nosso compromisso a favor da construção dum futuro mais ajustado ao desígnio de Deus, a construção dum mundo onde todos possam viver em paz e com dignidade”, concluiu.