
“Aprenda-se que o serviço ao Senhor vem dos homens, mas também e substancialmente das mulheres! “. Foto: Lane, a primeira mulher da Igreja Anglicana ordenada bispo (26 janeiro 2015). Retirada da página de Facebook de Libby Lane.
No ano de 2020, na Igreja de Inglaterra (Comunhão Anglicana), das 591 pessoas recomendadas para a formação ao ministério ordenado e assumirem funções ministeriais a tempo inteiro, a maioria dos candidatos são do género feminino.
Este número de candidatos constitui, para a Igreja de Inglaterra, o mais alto, de acordo com as estatísticas desta Igreja.
Um total de 431 destes candidatos pretendem mesmo assumir o ministério a tempo total, refere o New Form publicado dia 9 deste mês de julho. É o número mais alto dos últimos catorze anos, apesar do surto pandémico que agora vivemos. Há, ainda, 230 pessoas em formação para o ministério de leitor.
O mais interessante desta informação – para mim, claro – está em que 54% dos candidatos são mulheres, o que vem constituindo uma tradição nos últimos três anos. Segundo as estatísticas, 23% têm menos de 32 anos e 39% menos de 40 anos. Ainda segundo essa fonte oficial, 10,9 % provêm de minorias étnicas, contra os 4,1% existentes entre os 20 mil clérigos da Igreja inglesa, entre os quais dois mil estão a trabalhar nas capelanias, faculdades ou em funções diocesanas.
O reverendo Chris Goldsmith destacou o trabalho das paróquias e agradeceu o seu contributo para um número tão alto de candidatos. “É um privilégio compartilhar convosco a tarefa de proclamar o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo e de capacitar outros a fazerem o mesmo”, disse.
Por aqui se prova que as mulheres estão aptas ao ministério sacerdotal, e como é necessário inverter, em todas as confissões religiosas, a tendência para as menosprezar, oferecendo-lhes cargos, tantas vezes, de “criadas-mal-pagas”. As mulheres têm sido o presente da Igreja em tantos cargos, salientando-se na Igreja Católica Romana, as catequistas que apesar de serem agora um ministério, tantas vozes “clericalistas” – como diz o bispo de Roma e Papa Francisco –, as combatem e, mesmo neste ministério, resistem a não lhes darem nem vez, nem voz.
Na Comunhão Anglicana, nas igrejas nacionais, e quase na sua generalidade, como agora na Igreja de Inglaterra, são diáconas, presbíteras e bispas. Não se resolverá, certamente, a questão da falta de padres, mas que as mulheres estão dispostas a servir o Senhor estão; são 54% na Igreja de Inglaterra, não se coloca qualquer dúvida. As mulheres serão dentro de alguns anos o baluarte fundamental contra o “clericalismo”, mesmo fazendo parte do clero.
Aprenda-se que o serviço ao Senhor vem dos homens, mas também e substancialmente das mulheres!
Joaquim Armindo é diácono católico da diocese do Porto, doutorado em Ecologia e Saúde Ambiental.