
Ogolpe apanhou o cardeal Charles Muag Bo em visita pastoral fora de Yangon, mas o seu bispo auxiliar reagiu. Foto: Direitos reservados.
O golpe militar de segunda-feira, 1 de fevereiro, que impediu a tomada de posse do parlamento birmanês saído das eleições de novembro passado e originou a prisão dos principais dirigentes do partido maioritário, incluindo a prémio Nobel Aung San Suu Kyi, é visto com apreensão e expetativa pelos meios católicos locais. “As ruas estão calmas e desertas, há uma forte reação nas redes sociais e as pessoas parecem bastante desorientadas”, afirmou à Agência Fides Joseph Kung Za Hmung, diretor do jornal católico Gloria News Journal.
“Devemos viver este momento crítico para o futuro do país com espírito de vigilância e oração”, rezando especialmente pela paz – lê-se num comunicado divulgado pelo bispo auxiliar de Yangon (principal centro económico de Myanmar), escrito na ausência do cardeal Charles Muag Bo, em visita pastoral longe da cidade.
Ao fim de uma década de uma transição de poder de que nunca perderam o controlo, impondo, nomeadamente, uma Constituição que lhes reserva vários Ministérios, dezenas de lugares no Parlamento e prevê a sua intervenção em inúmeras situações, os militares de Myanmar contestaram o resultado das eleições de novembro que deram uma esmagadora vitória ao partido de Aung San Suu Kyi.
As negociações entre civis e militares pareciam na sexta-feira ter dado origem a um entendimento que possibilitaria a tomada de posse do novo Parlamento, mas afinal o fim-de-semana serviu para ultimar os preparativos do golpe militar.