[Os dias da semana]

“Neste Natal queria que a guerra acabasse”

| 18 Dez 2022

Escuteiros ucranianos levam a Luz da Paz de Belém até ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Foto © NOSU - Scouts of Ukraine

Escuteiros ucranianos levam a Luz da Paz de Belém até ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Foto © NOSU – Scouts of Ukraine

 

“Neste Natal queria que a guerra acabasse.” No placard que se encontra no átrio da Oficina de S. José, em Braga, há outras mensagens natalícias, mas esta, assinada pelo Miguel, é particularmente pungente.

“Toda a guerra deixa o mundo pior do que o encontrou. A guerra é um fracasso da política e da humanidade, uma rendição vergonhosa, uma derrota perante as forças do mal”, escreveu o Papa Francisco na carta encíclica Fratelli tutti, sobre a fraternidade e a amizade social.

O extracto foi citado, na quarta-feira passada, no diário italiano Corriere della Sera por Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio, num texto em que explica por que é necessário propor uma trégua de Natal na guerra da Ucrânia. (“Perché è necessario proporre una tregua per Natale”)

O dia de Natal, quando se completam dez meses de agressão russa, que transformou a Ucrânia num país devastado, “marcado pela morte e pela dor”, deveria ser assinalado em paz, ao abrigo, pelo menos momentâneo, do sofrimento causado pela brutalidade da guerra.

“Se não houver trégua de Natal, será uma derrota do cristianismo”, considera o antigo ministro italiano da Cooperação Internacional e Integração, esclarecendo que a iniciativa permitiria salvar vidas humanas e contribuiria para tornar presente que há algo que “transcende a lógica da luta (o Natal por exemplo)”. Uma trégua, acrescenta Andrea Riccardi, ofereceria um momento geral de alívio e esse momento de paz possibilitaria igualmente que se olhasse para o futuro.

O fundador da Comunidade de Santo Egídio considera que a pausa na guerra parece de difícil concretização, desde logo porque se desgastou a Leste, especialmente na Rússia, o tantas vezes proclamado “quadro religioso de referência”. Ou seja, diz ele, “parece que as referências cristãs ao Natal têm pouca força perante a lógica nacionalista”.

De facto, como Cirilo, Patriarca de Moscovo, tragicamente, tem insistido em demonstrar, é o próprio ímpeto nacionalista que instrumentaliza maleficamente as referências cristãs para devastar a Ucrânia e martirizar o seu povo.

Para fazer notar que uma trégua de Natal, neste caso fundamentada em razões humanitárias e naquilo que deveria ser a comunhão religiosa cristã-oriental dos povos russo e ucraniano, não é uma proposta nova, Andrea Riccardi recorda dois momentos do século XX. Durante a I Guerra Mundial, Bento XV propôs um armistício natalício em 1914, havendo o registo de episódios significativos de confraternização na frente franco-alemã. Em 1967, houve uma trégua de Natal na guerra do Vietname – e as armas também se silenciaram para assinalar a festa budista do Têt (Ano Novo vietnamita). Paulo VI, lembra ainda o colunista do Corriere della Sera, interveio a propósito do conflito no Vietname pedindo uma trégua susceptível de se transformar num cessar-fogo definitivo.

Inspirado por S. Francisco de Assis, Charles de Foucauld e “por outros irmãos que não são católicos”, entre os quais Martin Luther King, Desmond Tutu, Mahatma Mohandas Gandhi, o Papa Francisco tinha pedido, na Fratelli Tutti, que se adoptasse “a cultura do diálogo como caminho; a colaboração comum como conduta; o conhecimento mútuo como método e critério”.

O caminho encontra-se bloqueado, e a fúria cega de Vladimir Putin contra civis indefesos não parece querer abrandar, como ainda sábado, 17, era amplamente noticiado, mas Andrea Riccardi preconiza que, mesmo assim, seja feita uma vigorosa proposta pública de uma trégua. Sem ela, poderão parecer em vão os votos de um Bom Natal.

 

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