
Os órgãos de vigilância dos media pedem que conteúdos que “promovem a homossexualidade” sejam retirados da plataforma de streaming. Foto © Cottonbro/Pexels.
Os estados árabes do Golfo exigiram à plataforma de streaming Netflix que remova todo o conteúdo considerado violador dos “valores e princípios sociais islâmicos”, noticiou esta semana a BBC News. Várias séries e filmes disponibilizados recentemente, incluindo alguns destinados a crianças, estarão a infringir os regulamentos, alertaram os órgãos de vigilância dos media do Conselho de Cooperação Saudita e do Golfo.
Na Al Ekhbariya TV, emissora pública, foi transmitida uma reportagem em que o serviço de streaming é acusado de veicular “mensagens imorais que ameaçam a educação saudável das crianças” e “promover a homossexualidade, concentrando-se excessivamente em [personagens] homossexuais”.
Na peça, foram mostradas como exemplo algumas cenas (com as imagens desfocadas) da série Jurassic World: Camp Cretaceous, em que duas adolescentes declaram que estão apaixonadas uma pela outra e se beijam.
Em abril deste ano, o filme Doutor Estranho no Multiverso da Loucura foi banido dos cinemas na Arábia Saudita depois de a Disney ter recusado um pedido das autoridades para que fossem cortadas aquilo a que chamaram de “referências LGBTQ”. Em junho, também o filme Lightyear, que incluía um beijo entre duas personagens do mesmo sexo, terá sido proibido.
Os reguladores de media da Arábia Saudita e restantes Estados do Golfo afirmam que a Netflix tem de cumprir com as diretivas locais e destacam que, caso continue “a transmitir conteúdos ilícitos, serão tomadas as necessárias medidas legais”.
De acordo com a interpretação da lei islâmica nestes Estados, a conduta sexual consensual entre pessoas do mesmo sexo é um crime, punível com morte ou açoitamento, dependendo da gravidade percebida do caso.
Até esta quarta-feira, a Netflix ainda não tinha reagido às acusações.