
Rolando Álvarez foi presente a tribunal e formalmente acusado do crime de conspiração, “por atentar contra a integridade nacional e propagar notícias falsas”. Foto: Direitos reservados.
O bispo de Matagalpa (Nicarágua), Rolando Álvarez, detido pela polícia estatal do país no passado mês de agosto, foi agora formalmente acusado do crime de conspiração, “por atentar contra a integridade nacional e propagar notícias falsas” e forçado a permanecer em prisão domiciliária, numa “casa administrada pelo governo” e cuja localização não foi revelada, avançou esta terça-feira, 13 de dezembro, a plataforma online de jornalismo de investigação Divergentes.
Fontes judiciais e religiosas terão confirmado àquela plataforma que o bispo foi transferido, há um mês, da casa de familiares, em Manágua, onde se encontrava a aguardar os resultados de uma suposta “investigação”, para uma nova residência administrada pelo governo de Daniel Ortega, estando marcada “uma primeira audiência para 10 de janeiro de 2023”.
Pelos mesmos motivos, foi também acusado o padre Uriel Antonio Vallejos, cujo paradeiro é desconhecido, pelo que “a autoridade judiciária enviou um ofício à INTERPOL para a sua captura”.
Este é o mais recente capítulo da repressão imposta à Igreja Católica por parte do Governo de Daniel Ortega, que incluiu, além da detenção de diversos padres e bispos, a expulsão do núncio apostólico do país, e o silenciamento de diversos média católicos.
No passado mês de agosto, o Papa manifestou a sua “preocupação e tristeza” pela situação vivida na Nicarágua, e em setembro, os provinciais dos jesuítas da América Latina e Caribe escreveram uma carta aberta a pedir o fim da repressão no país. O Parlamento Europeu exigiu a libertação do bispo Rolando Álvarez, bem como uma investigação formal por parte da ONU ao Presidente Daniel Ortega por crimes contra a humanidade.