
O bispo católico Rolando Álvarez, um dos símbolos mais mediáticos da opressão do Presidente da Nicarágua denunciados pela Amnistia Internacional. Foto © Infobae
A Amnistia Internacional publicou nesta terça-feira, 18 de abril, um extenso relatório sobre as arbitrariedades, a violação dos direitos humanos e a repressão que nos últimos cinco anos o Governo ditatorial do Presidente Daniel Ortega tem praticado na Nicarágua.
Durante as manifestações de 2018, as forças policiais, o exército e os paramilitares coordenados pelo Governo mataram mais de 300 pessoas, continuando até hoje a perseguir seletivamente todos os seus opositores, forçando cerca de 200.000 nicaraguenses a fugir para a Costa Rica.
Para reduzir o número de presos políticos nas suas cadeias, o Governo de Ortega tem utilizado o sistema de oferecer aos detidos sem pena formada a possibilidade de se refugiarem no estrangeiro. Quando consegue obter tais acordos expatria as pessoas retirando-lhes a nacionalidade nicaraguense.
Como o 7MARGENS tem noticiado, o bispo Rolando Álvarez, preso em 2022 e condenado a 26 anos de prisão, tem repetidamente recusado ser deportado para os EUA juntamente com vários padres e seminaristas. A repressão sobre a Igreja Católica (fecho de igrejas, proibição de procissões e outros atos de culto, fecho de escolas, prisão de padres, freiras e bispos) levou, já este ano, ao corte de relações diplomáticas entre a Nicarágua e a Santa Sé.
Em síntese, o relatório da Amnistia Internacional, intitulado “Nicarágua: um grito pela Justiça – cinco anos de opressão e resistência”, afirma que o país “vive uma crise social, política e de direitos humanos desde pelo menos abril de 2018, quando o Governo respondeu com violência aos protestos em massa contra uma proposta de reforma da segurança social. Desde então, o espaço cívico tem sido sistematicamente desgastado pelo Governo que persegue todos os que identifica como dissidentes ou opositores”.
Daniel Ortega cumpre o seu quarto mandato consecutivo como Presidente, e a sua mulher, Rosario Murillo, ocupa o cargo de vice-presidente desde 2017. A Amnistia sublinha que “o aparelho de Estado foi reduzido a mero executante das suas políticas, num contexto em que foram decapitadas todas as instituições nacionais que poderiam representar um contrapeso ao casal no poder”.