
A atual situação na Nicarágua vista pelo cartoonista PxMolina. Imagem retirada do Twitter do autor. https://twitter.com/pxmolina
A Província centro-americana da Companhia de Jesus, com sede em San Salvador, condenou veementemente o “despejo” de seis padres jesuítas da sua residência na Nicarágua. Estes padres eram responsáveis pela supervisão da Universidade Centro-Americana (UCA), que foi encerrada pelas autoridades do país no início desta semana.
Em comunicado, a Companhia de Jesus expressou a sua “indignação pelo despejo” e manifestou a sua confiança de que os jesuítas na Nicarágua “continuarão a ser abraçados pelo Senhor da História”. A ordem religiosa contou que a polícia da Nicarágua, juntamente com membros do poder judicial, chegou à casa dos jesuítas para exigir o seu despejo, alegando que a propriedade pertencia ao Estado da Nicarágua, referem, citados pelo Infobae, portal de notícias.
A Companhia de Jesus esclareceu que os padres apresentaram aos agentes a documentação da escritura de propriedade da UCA e da Companhia de Jesus. No entanto, “os agentes ignoraram as provas e ordenaram aos padres que desocupassem a casa, permitindo-lhes apenas retirar alguns objectos pessoais”. A comunidade jesuíta, “obediente às instruções da autoridade”, refere o comunicado, abandonou pacificamente a propriedade, assegurando que está agora a residir num local seguro.
Este despejo ocorre no contexto do encerramento da universidade jesuíta, uma das mais conceituadas instituições educativas privadas da Nicarágua. O Governo da Nicarágua publicou recentemente um acordo oficial no Boletim Oficial La Gaceta, através do qual o Ministério do Interior aprovou o cancelamento do estatuto legal da UCA, concedido a 13 de agosto de 1960. O acordo também determinava o confisco dos bens da universidade.
A justiça da Nicarágua emitiu a ordem de transferência dos bens móveis e imóveis, bem como das contas bancárias da UCA para o Estado. Estas medidas foram tomadas na sequência das acusações do Ministério Público (Procuradoria) de que a universidade estaria envolvida no terrorismo e na organização de grupos criminosos.
A UCA confirmou a receção da carta oficial na quarta-feira e rejeitou categoricamente as “acusações infundadas” feitas pelas autoridades. Em resposta a estas alegações, a universidade jesuíta, sob a direção do Reitor Rolando Enrique Alvarado López, decidiu suspender todas as actividades académicas e administrativas.
Na semana passada, as autoridades congelaram as contas bancárias e imobilizaram as propriedades da UCA. Além disso, na segunda-feira, um organismo afiliado ao Supremo Tribunal de Justiça revogou a acreditação do Centro de Mediação da Universidade. Estas medidas foram adoptadas no meio de tensões crescentes entre o governo de Ortega e a Igreja Católica da Nicarágua.