Três mulheres, três profissões, três países onde o Natal é muito diferente do vivido em Portugal, e não apenas porque os termómetros registam neste momento temperaturas acima dos 30 graus… Numa série de curtas entrevistas para assinalar esta época festiva, já ficámos a conhecer, dia 23, a Cátia Marinheiro (oficial de comunicação na FAO, em Angola), este sábado, 24, conversamos com a irmã Beta Almendra (missionária comboniana no Sudão do Sul) e no domingo, 25, falamos com a Cesibell Sánchez (que trabalha como sommelier na capital do Peru, Lima).
É natural da vila da Ericeira, mas diz que o seu “primeiro amor” foi o Quénia, e basta ver os minutos iniciais do vídeo para +erceber que o Sudão do Sul também já conquistou o seu coração. Desde 2021 em missão naquela que é a segunda maior cidade do país, Wau, a irmã Beta Almendra, comboniana, falou ao 7MARGENS da falta que fazem a paz e a segurança no Sudão do Sul, e de como ali se sentem “as consequências de uma crise muito maior”.
Com várias Organizações Não Governamentais a abandonar o terreno e a retirar os seus apoios para se concentrarem em locais onde as necessidades são ainda maiores, muitos serviços deixaram já de funcionar, sobretudo na área da saúde e da educação, lamenta. “Se é preciso uma operação [no hospital público], tem de se pagar a gasolina para o gerador funcionar”, exemplifica.
Depois de uma pandemia que fez com que muitas crianças, sobretudo raparigas, saíssem da escola e não voltassem, uma das principais missões da irmã Beta tem sido “lutar para que as meninas possam prosseguir os seus estudos”. É com essas jovens que já está a preparar uma peregrinação de cerca de 600km com muitas delas, até à capital, Juba, onde esperam poder acolher Francisco com alegria, dentro de pouco mais de um mês.
Em agosto de 2023, o objetivo é voltar a acolher o Papa, mas em Lisboa, na Jornada Mundial da Juventude, e trazer duas dessas meninas consigo.
Para já, é tempo de viver o Natal, uma época “de grande stress para os pais” – conta a irmã Beta – porque a tradição manda que todos vistam roupa nova, e em famílias grandes (e pobres) como as do Sudão do Sul isso é quase uma missão impossível.