
Retrato da jornalista Elisabeth Zoll que organizou o livro, retirado da sua página pessoal no Facebook.
Num momento em que, na Alemanha, numerosos fiéis abandonam a Igreja Católica, um conjunto de mulheres proeminentes do país testemunham agora porque pretendem manter o vínculo com a instituição. As explicações encontram-se num livro intitulado Nós ficamos!, organizado pela jornalista Elisabeth Zoll. Nele, 18 mulheres da política, dos negócios, da literatura ou da ciência dão conta das razões por que, apesar das decepções, ou mesmo da raiva, julgam que podem fazer na Igreja Católica um caminho recto, com liberdade interior.
A organizadora afirma que os abusos, os escândalos financeiros, a rigidez da instituição e a discriminação crónica das mulheres são obstáculos que obscurecem a mensagem libertadora do Evangelho, mas não lhe roubam a fé.
Em Nós ficamos!, são referidos aspectos sombrios, mas as conclusões coincidem quanto a valer a pena continuar na Igreja. O livro é uma indagação vasta e plural sobre as razões que justificam essa permanência, tão incompreensível para muitos, designadamente por causa da secundarização das mulheres.
A presidente da região da Renânia-Palatinado, Malu Dreyer, militante do Partido Social-Democrata (SPD) manifesta-se “convencida de que não é o acesso das mulheres aos serviços sagrados e aos sacramentos da Igreja o que requer justificação, mas a sua exclusão. A questão de como se verá a nossa Igreja actual no futuro vai muito além disso, a fé transceende as lutas culturais”.
Annette Schavan, uma política da União Democrata-Cristã (CDU), que foi ministra da Educação, considera que o cristianismo é universalismo e fraternidade, o que significa que, num planeta repleto de nacionalismo e egoísmo, promove reconciliação num mundo irreconciliável. A fé, diz ela, influencia-lhe a visão do mundo, do tempo e das pessoas, tornando-a respeitosa e amante da liberdade.
Indicando que a Igreja Católica necessita de respostas mais criativas, a escritora Felicitas Hoppe associa o catolicismo sobretudo a coisas positivas: “Vastidão, abertura, universalidade”. Diz ela que “precisamos de força para suportar a mudança sem entrar em pânico”.