
O novo patriarca de Lisboa, Rui Valério, deixou já hoje pistas sobre o seu programa pastoral para o Patriarcado. Foto © Ricardo Perna
O bispo Rui Valério é, desde este sábado, 2 de setembro, o 18º patriarca de Lisboa, tendo, a partir da tomada de posse passado a ocupar por direito próprio a cátedra da Sé, sucedendo ao cardeal Manuel Clemente. A entrada solene decorre este domingo na Igreja de Santa Maria de Belém, nos Jerónimos, com uma celebração da eucaristia.
Nas palavras que dirigiu aos presentes, o novo patriarca voltou a frisar uma disposição que já tinha expressado, quando se tornou pública a sua nomeação pelo Papa Francisco: ser solidário e próximo das vítimas de todos os tipos de abusos. “Carregarei o fardo do seu sofrimento, acreditando na cura e na redenção”, chegou mesmo a afirmar Rui Valério, adiantando, posteriormente, que espera encontrar-se com as vítimas “nos próximos dias”, tendo presente que viveram ou vivem “uma experiência atroz e horrorosa”.
A vontade de colocar as vítimas de abusos “no centro” contrastou com a visão transmitida pelo discurso de boas-vindas feito no ato de posse pelo cónego Francisco Tito Espinheira, que intervinha na qualidade de deão do Cabido. Na circunstância, aquele responsável diocesano entendeu frisar o acabrunhamento e a humilhação, alegadamente sentidos pela Igreja de Lisboa, com os casos de abusos denunciados, que, defendeu, na sua grande maioria não são confirmados pelos factos. Não se ouviu, no entanto, referência aos sofrimentos das vítimas dos abusos.
Em declarações que prestou aos jornalistas, no final da cerimónia, o patriarca deu conta do modo como quer exercer as suas novas funções, vincando pretender ser “um bispo de estrada, um bispo da rua, junto das pessoas”.
Natural de Ourém, o bispo Rui Valério tem 58 anos, pertence à congregação dos Monfortinos, foi pároco numa paróquia da Grande Lisboa. Foi igualmente capelão da Armada, tendo sido bispo das Forças Armadas e de Segurança desde 2018 até agosto último. Com a sua tomada de posse, fica, naturalmente, vago o cargo episcopal que ocupava , o qual se vem somar ao da diocese de Setúbal.