
O drama da vulnerabilidade resultante das deslocações em fuga da violência e da falta de acesso a cuidados médicos é agravado pela circunstância de se estar a iniciar a época de ciclones e chuvas intensas. Foto ©Médecins Sans Frontières.
Em apenas algumas semanas no final de Janeiro, registou-se um “novo pico de ataques e violência” na província moçambicana de Cabo Delgado, causando mais uma vaga de milhares de pessoas deslocadas, a maior registada nos últimos meses, denunciou a organização Médecins Sans Frontières / Médicos Sem Fronteiras (MSF) nesta quarta-feira, dia 2 de Fevereiro. Em informação enviada ao 7MARGENS, a MSF refere que mais de 20 ataques a quatro aldeias nas duas últimas semanas danificaram ou destruíram 2.800 casas no distrito de Meluco e em zonas do Sul do distrito de Macomia provocaram a fuga de pelo menos 14 mil pessoas.
O drama da vulnerabilidade resultante das deslocações em fuga da violência e da falta de acesso a cuidados médicos é agravado pela circunstância de se estar a iniciar a época de ciclones e chuvas intensas – “sendo Moçambique um dos países em mais elevado risco de eventos climáticos extremos, com um ciclo anual de tempestades tropicais que deixa a população com muito pouco tempo para conseguir recuperar entre tempestades”. É que, explica a organização, o risco de cheias aumenta significativamente a possibilidade de ocorrerem surtos de doenças potencialmente fatais, como a malária e doenças diarreicas.
Perante esta situação, “a MSF reitera a importância do acesso seguro e sem restrições às populações, para que as equipas possam adaptar-se e fazer chegar às pessoas muito necessários cuidados médicos”. Além disso, nota que “a importação de provisões médicas, de forma rápida e liberta de burocracia, permanece crucial para a organização continuar a desenvolver e a ampliar a prestação de cuidados de saúde que salvam vidas em Cabo Delgado”.