
Papa Francisco com representantes de comunidades indígenas do Canadá. Foto © Vatican Media
“Nunca é tarde demais para fazer a coisa certa”, disse Cassidy Carson, presidente do Conselho Nacional do Povo Métis, povo indígena do Canadá, a propósito do pedido de perdão que esperam de Roma pelos sofrimentos impostos aos seus antepassados aprisionados nas chamadas escolas residenciais católicas, noticiou o Vatican News na sua edição de 28 de março.
Carson falava aos jornalistas após a audiência com o Papa Francisco que decorreu nesta segunda-feira e acrescentou que “embora o reconhecimento [desse sofrimento], um pedido de desculpa e um ato de expiação já sejam devidos há muito tempo”, espera que “o Papa e a Igreja universal traduzam em ações concretas” o conteúdo que presidiu à audiência: “a reconciliação, a verdade, a justiça e a procurar de sarar as feridas abertas”.
Francisco recebeu depois representantes do Povo Inuit de quem também ouviu relatos sofridos de alguns sobreviventes das escolas residenciais católicas que pretendiam assimilar à força as crianças indígenas, recorrendo a métodos brutais que fizeram cerca de 6.000 vítimas mortais entre 1863 e 1998. Em 2008, o Estado canadiano pediu formalmente perdão aos povos indígenas, mas a Conferência Episcopal do Canadá só o fez a 24 de setembro de 2021 [ver 7MARGENS], quando emitiu um pedido formal de desculpas aos povos nativos pelo seu envolvimento nas escolas residenciais, reconhecendo “os graves abusos cometidos por alguns membros da nossa comunidade católica”.
Vários bispos canadianos integravam as delegações que o Papa recebeu esta segunda-feira, 28 de Março, e continuará a receber ao longo da semana. Francisco manterá no dia 1 de abril um encontro geral com o conjunto das delegações na Sala Clementina do Palácio Apostólico, no Vaticano [ver 7MARGENS].