
Seis das mulheres que apresentaram as suas candidaturas, acompanhadas da teóloga Anne Soupa (a terceira a contar da esquerda), que se candidatou ao lugar de arcebispa de Lyon. Foto: Twitter de Anna Cuxac.
Depois de uma delas ter sido ameaçada de morte, as sete mulheres pertencentes ao grupo “Toutes Apôtres” (em português, “Todas Apóstolas”), que apresentaram em julho passado as suas candidaturas a cargos reservados aos homens na hierarquia da Igreja, foram recebidas, uma por uma, pelo núncio apostólico de França. Celestino Migliore prometeu a todas elas que levaria os seus pedidos ao Vaticano.
Christina Moreira, francesa de origem espanhola, foi a última das sete a ser recebida, esta sexta-feira, 2 de outubro, pelo representante do Papa. Em declarações à agência EFE, divulgadas pelo Religión Digital, a candidata ao sacerdócio disse estar “muito satisfeita” com a conversa que manteve durante mais de uma hora com o núncio de França, cujo conteúdo o mesmo lhe pediu que não revelasse. Christina partilhou, no entanto, que Celestino Migliore assegurou que levaria ao Vaticano o seu pedido, bem como os das restantes seis mulheres do grupo.
“É muito mais do que tinha conseguido em Espanha, onde o bispo de Santiago de Compostela, Julián Barrio, e o arcebispo Carlos Osoro, de Madrid, me fecharam as portas, dizendo que não me reconhecem como presbítera e que não sou católica”, contou.
A sétima “mulher apóstola” afirma ter recebido uma “ordenação sacerdotal das mãos de uma bispa consagrada por um bispo de linhagem apostólica” e garante: “Se eu fosse um homem, seria uma ordenação totalmente legítima.” Christina Moreira não duvida de que um dia poderá dirigir uma paróquia: “Se queres uma realidade, fá-la”, defende.
À saída da reunião, três das sete aspirantes esperavam por Christina. “Agradecemos esta abertura da Igreja e a compreensão da realidade das mulheres, que demonstra que o diálogo é possível”, afirmou Sylvaine Landrivon, candidata a bispa.
“Nós, as mulheres, temos estado ao lado de Jesus Cristo desde o início para cuidar dele e acompanhá-lo até à morte”, disse por seu lado Hélène Pichon, que se candidatou ao cargo de núncia. “Há décadas que lutamos para ser reconhecidas e continuaremos a fazê-lo”.