O amor como resposta à violência

| 29 Mar 2023

Esta manhã, ao ler o horror do que aconteceu no Centro Ismaili em Lisboa, o meu primeiro pensamento foi para as vítimas, as pessoas dessa comunidade muçulmana que ali trabalhavam por espírito de serviço. Pensei nas suas famílias, nos seus amigos: que dor horrorosa a deles.

Depois pensei nos filhos daquele refugiado afegão. Três crianças, de nove, sete e quatro anos de idade. Imaginei a terrível sucessão de tragédias que tem sido a vida deles: a fuga angustiada para tão longe do seu país, a morte da mãe – e agora ficam sozinhos. Que futuro terão, onde poderão encontrar segurança e estabilidade? O que pensarão agora sobre o pai e sobre si próprios?

Perguntei-me que inferno teria aquele homem dentro de si, o que terá falado mais alto que o instinto e o dever de protecção dos seus filhos, tão pequenos e a viver em situação tão precária.

Algumas horas mais tarde vi esta imagem no Twitter:

Centro Ismaili - televisão

e senti uma surpresa comovida: a comunidade das vítimas vai acolher os filhos do homem que a feriu tão brutalmente. O Centro Ismaili de Lisboa responde com amor à violência, num gesto que pode ser verdadeiramente redentor para as três crianças.

Lembrei-me então de uma conversa que tive há alguns anos com a responsável de um centro católico de acolhimento a refugiados em Berlim. Disse-me ela: “Quem diria que eu, católica praticante, teria ainda tanto para aprender sobre a vivência da fé a partir do que vejo os meus amigos muçulmanos fazer…”

Faltam poucos dias para a Páscoa, e, perante este exemplo, vejo que não estou preparada para as perguntas mais cruas:

– E tu, que te dizes cristã? Que terias feito, se fosse contigo?

(Sobre este caso e o que se passará com as crianças, ver outro texto no 7MARGENS)

Helena Araújo vive em Berlim e é autora do blog Dois Dedos de Conversa, onde este texto foi inicialmente publicado.

 

Os silêncios de Pio XII foram uma escolha – e que custos teve essa opção?

“A Lista do Padre Carreira” debate

Os silêncios de Pio XII foram uma escolha – e que custos teve essa opção? novidade

Os silêncios do Papa Pio XII durante aa Segunda Guerra Mundial “foram uma escolha”. E não apenas no que se refere ao extermínio dos judeus: “Ele também não teve discursos críticos sobre a Polónia”, um “país católico que estava a ser dividido pelos alemães, exactamente por estar convencido de que uma tomada de posição pública teria aniquilado a Santa Sé”. A afirmação é do historiador Andrea Riccardi, e surge no contexto da reportagem A Lista do Padre Carreira, que será exibida nesta quarta-feira, 31 de Maio, na TVI, numa parceria entre a estação televisiva e o 7MARGENS.

Apoie o 7MARGENS e desconte o seu donativo no IRS ou no IRC

Breves

 

JMJ realizou em 2022 metade das receitas que tinha orçamentado

A Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 obteve no ano passado rendimentos de 4,798 milhões de euros (menos de metade do previsto no seu orçamento) e gastos de 1,083 milhões, do que resultaram 3,714 milhões (que comparam com os 7,758 milhões de resultados orçamentados). A Fundação dispunha, assim, a 31 de dezembro de 2022, de 4,391 milhões de euros de resultados acumulados em três anos de existência.

Debate em Lisboa

Uma conversa JMJ “conectada à vida”

Com o objectivo de “incentivar a reflexão da juventude” sobre “várias problemáticas da actualidade, o Luiza Andaluz Centro de Conhecimento (LA-CC), de Lisboa, promove a terceira sessão das Conversas JMJ, intitulada “Apressadamente conectadas à vida”.

“É o fim da prisão perpétua para os inimputáveis”, e da greve de fome para Ezequiel

Revisão da lei aprovada

“É o fim da prisão perpétua para os inimputáveis”, e da greve de fome para Ezequiel novidade

Há uma nova luz ao fundo da prisão para Ezequiel Ribeiro – que esteve durante 21 dias em greve de fome como protesto pelos seus já 37 anos de detenção – e também para os restantes 203 inimputáveis que, tal como ele, têm visto ser-lhes prolongado o internamento em estabelecimentos prisionais mesmo depois de terminado o cumprimento das penas a que haviam sido condenados. A revisão da lei da saúde mental, aprovada na passada sexta-feira, 26 de maio, põe fim ao que, na prática, resultava em situações de prisão perpétua.

Especialistas mundiais reunidos em Lisboa para debater “violência em nome de Deus”

30 e 31 de maio

Especialistas mundiais reunidos em Lisboa para debater “violência em nome de Deus” novidade

A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) acolhe esta terça e quarta-feira, 30 e 31 de maio, o simpósio “Violence in the Name of God: From Apocalyptic Expectations to Violence” (em português, “Violência em Nome de Deus: Das Expectativas Apocalípticas à Violência”), no qual participam alguns dos maiores especialistas mundiais em literatura apocalíptica, história da religião e teologia para discutir a ligação entre as teorias do fim do mundo e a crescente violência alavancada por crenças religiosas.

Agenda

There are no upcoming events.

Fale connosco

Autores

 

Pin It on Pinterest

Share This