
As crianças e o racismo: Acolher, escutar, dialogar e partilhar.Foto©Pedro Neto
São primárias e de lamentar todas as formas de manifestação de ódio, discriminação e violência.
São de lamentar todas as formas como os extremos em Portugal (todos os extremos) estão a ganhar visibilidade ainda que a maioria das pessoas seja respeitadora e acolhedora. É primária – e não é sequer fenómeno recente ou novidade – a ameaça às pessoas e às suas famílias pelo trabalho que exercem em associações ou Organizações Não-Governamentais, na política, no ensino e até no desporto, por aquilo que são, dizem ou pensam.
O patriotismo, a mobilização de figuras da História de Portugal, da Filosofia e das Religiões não podem servir para serem evocadas e instrumentalizadas para um fim imbecil.
Liberdade de expressão não é liberdade de ofensa. É preciso cuidar do discurso tanto na sociedade civil como em partidos políticos, para que não reflitam somente divisão, provocação e ódio entre extremos, de parte a parte, alimentando-se uns aos outros, ajudando-se mutuamente a crescerem na visibilidade que têm.
Os problemas do racismo e da intolerância não podem continuar ignorados e sem debate sério e com profundidade. É preciso escutar todas as partes, todas as pessoas, para que as atitudes tidas e problemas constantemente relatados possam encontrar caminhos de solução. Por muito que custe (parte a parte).
Os extremos intolerantes não ouvem, não dialogam, apenas gritam e agridem. Nada solucionam.
Continuar o negacionismo por parte de uns, continuar a gritaria primária por parte de outros, não levará a sítios bons. A História deu bastantes exemplos disso, trágicos e sempre longos de mais. Quando duram um dia, já duram um dia a mais.
“O arco moral do universo é longo, mas tende a curvar-se em direção à justiça.” Martin Luther King dixit. Tenhamos a certeza disso. Esperança e paz. Façamos esse caminho.
Pedro A. Neto é diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal