
Como bispo responsável pelas forças armadas, foi polémica a postura de Broglio quando sugeriu que os soldados recusassem as vacinas contra o coronavírus. Foto © Senior Airman Kristin High.
A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB) acaba de eleger para seu novo presidente Timothy Broglio, bispo das forças armadas e ex-núncio da República Dominicana. A figura escolhida esta terça-feira, 15 de novembro, pelos bispos norte-americanos, reunidos em Baltimore para a sua assembleia plenária de outono, é controversa e as críticas não se fizeram esperar: é que Broglio foi secretário particular de Angelo Sodano, o cardeal acusado de ter encoberto inúmeros crimes de pedofilia dentro da Igreja.
Como bispo responsável pelas forças armadas, foi também polémica a postura de Broglio quando sugeriu que os soldados recusassem as vacinas contra o coronavírus, caso estas violassem “a santidade da sua consciência”, e ainda o facto de ter defendido a tese de que a homossexualidade dos padres está na origem da crise dos abusos sexuais na Igreja dos EUA e de que, quando as vítimas têm mais de 12 anos, não se trata de pedofilia.
Vários media que fazem a cobertura da atualidade da Igreja Católica, como o National Catholic Reporter, o Religión Digital, ou o La Croix referem que a escolha de Broglio envia uma “mensagem de rejeição” ao Papa Francisco e revela “um retrocesso à visão pré-conciliar”, fechada e clericalista da Igreja.
O nome de Broglio, 70 anos, estava entre os dez que circulavam para substituir o arcebispo de Los Angeles, José Gomez, que chegou ao fim de seu mandato de três anos. Originário de Ohio, no centro dos EUA, e doutor em direito canónico, o novo presidente dos bispos norte-americanos ocupou vários cargos dentro da representação do Vaticano no exterior (Costa do Marfim, Paraguai) antes de ser escolhido, em 2001, como núncio apostólico da República Dominicana. No mesmo ano, foi nomeado arcebispo por João Paulo II.
Durante uma conferência de imprensa após ter sido escolhido, com 138 votos, Timothy Broglio negou que a sua eleição seja um sinal de “dissonância” entre os bispos norte-americanos e o Papa, tendo assegurado que “está certamente em comunhão com o Papa Francisco como parte da igreja universal” e que ambos são “irmãos bispos”. Broglio destacou ainda que espera poder conversar com os líderes políticos norte-americanos, em particular o Presidente Joe Biden.
O arcebispo William Lori de Baltimore, “uma das vozes pró-vida mais ativas” na conferência episcopal e que se tem manifestado veementemente contra o racismo, foi eleito vice-presidente aos 71 anos, com 99 votos.