A entrada das religiosas no claustro da Cartuxa de Évora. Foto © Agência Ecclesia/HM
A comunidade das monjas contemplativas que vão residir no que até há um ano e meio foi o convento da Cartuxa, em Évora, visitaram no passado domingo, 7 de Março, o espaço onde irão passar a viver e manifestaram-se impressionadas com a grandiosidade e o modo como o ambiente “conduz até Deus”.
“Vimos todas as fotos da Cartuxa na internet, mas estar aqui é outra coisa”, disse a irmã Maria Iuxta Crucem, responsável pela nova comunidade de Évora das Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará, o ramo contemplativo da Família Religiosa do Verbo Encarnado, fundada em 1988, na Argentina.
A religiosa, de origem holandesa, manifestou-se impressionada com a “grandiosidade do mosteiro” e a “forma como conduz até Deus” e disse que o cemitério foi “a parte da visita mais importante”, pela simplicidade com que é feita memória dos que “sofreram, trabalham e rezaram”, disse, citada pela Ecclesia.
As seis religiosas chegaram nos últimos dias a Évora e, até à conclusão das obras necessárias na antiga Cartuxa, para onde deverão passar em Setembro próximo, residem num espaço contíguo à Igreja de São Francisco. Entretanto, outras duas irão juntar-se mais tarde às seis que estão na cidade alentejana.

A visita de domingo, acompanhada por jornalistas, foi conduzida pelo arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, que se referiu à presença das religiosas como uma devolução do espaço à sua “vocação espiritual” que, ao mesmo tempo, o abre à comunidade.
“Há muita solidão e vazio interior. Aqui será um pulmão espiritual, de ecologia global, onde as irmãs farão a oferta do que têm, a sua experiência espiritual”, referiu D. Francisco.
As Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará partilham momentos comunitários mas também promovem a hospitalidade. “Com estas irmãs, a parte restrita, mesmo, será da porta para dentro”, informou o arcebispo, citado ainda na Ecclesia.
Ou seja, ao contrário do que acontecia com os cartuxos, o jardim e a igreja estão abertos a pessoas do exterior.
“Faz parte da vocação cenobítica, também, o receber, ter um espaço que podemos considerar como que a hospitalidade, para as pessoas que queriam fazer aqui um tempo de retiro, estar aqui uns dias, ter esse espaço de acolhimento para uma experiência de inserção”, acrescentou.
O bispo católico destacou a importância deste projecto para a diocese alentejana, afirmando que há “muita sede de espiritualidade, muita sede de luz, de água viva, de sentido para a vida”.
Algumas das religiosas que chegaram a Évora tiveram experiência em países como o Iraque, a Síria ou o Egito, “onde não é fácil ser-se cristão”, sublinhou o arcebispo.
As religiosas são oriundas sobretudo da América Latina e têm idades compreendidas entre os 24 e 60 anos de idade.
“A nossa preocupação é que esta casa se cumpra a ele própria”, sendo “um espaço de espiritualidade” disponível e “aberto à comunidade”, acrescentou o arcebispo.