
“É preciso pôr-se a caminho, um caminho em subida, que requer esforço, sacrifício e concentração, como uma excursão na montanha”, escreve Francisco na sua Mensagem para a Quaresma deste ano. Foto © Vatican Media.
Francisco pede uma “transfiguração, pessoal e eclesial”, no caminho de preparação para a Páscoa, mas também no Sínodo 2021-2024. Na sua mensagem para a Quaresma 2023, divulgada esta sexta-feira, 17 de fevereiro, o Papa assegura que vale a pena percorrer esse caminho, por mais exigente e difícil que ele seja, pois “o panorama que se deslumbra no final surpreende e compensa pela sua maravilha”.
O Papa parte do episódio da Transfiguração de Jesus, narrado nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e explica que, em cada Quaresma, Deus nos chama “à parte”, tal como Jesus fez com os discípulos e convida-nos a subir “a um alto monte”. E nós precisamos de abandonar os “lugares habituais” da nossa vida quotidiana “por vezes enfadonha” e “deixar-nos conduzir por Ele à parte e ao alto, rompendo com a mediocridade e as vaidades”.
Assim, escreve o Papa, “é preciso pôr-se a caminho, um caminho em subida, que requer esforço, sacrifício e concentração, como uma excursão na montanha”, recordando que o mesmo acontece “no caminho sinodal, que nos comprometemos, como Igreja, a realizar”. Francisco convida então a “refletir sobre esta relação que existe entre a ascese quaresmal e a experiência sinodal”.
A escuta de Cristo também passa por ouvir os irmãos

Abertura da assembleia sinodal do Médio Oriente. Foto © Synod.va.
Em ambos os casos, é um caminho que não deve ser percorrido sozinho, mas “de forma compartilhada”. Depois, “como toda a esforçada excursão de montanha, ao subir, é preciso manter os olhos bem fixos na vereda”.
Para isso, o Papa dá uma indicação “muito clara”, que consiste em “escutar Jesus”. Para Francisco, “a Quaresma é tempo de graça na medida em que nos pusermos à escuta d’Ele, que nos fala”. E Deus não nos fala só na Sagrada Escritura, alerta: “Fala-nos nos irmãos, sobretudo nos rostos e vicissitudes daqueles que precisam de ajuda”.
No processo sinodal, “a escuta de Cristo passa também através da escuta dos irmãos e irmãs na Igreja; nalgumas fases, esta escuta recíproca é o objetivo principal, mas permanece sempre indispensável no método e estilo duma Igreja sinodal”, defende.
Na sua mensagem, o Papa apresenta Jesus como a novidade que personifica “o cumprimento da antiga Aliança e das promessas” de Deus. Também o caminho sinodal “está radicado na tradição da Igreja e, ao mesmo tempo, aberto para a novidade”. Assim, “a tradição é fonte de inspiração para procurar estradas novas, evitando as contrapostas tentações do imobilismo e da experimentação improvisada”, sublinha Francisco.
Corremos o risco de, nessas estradas, desanimar? Sim, reconhece o Papa. “Mas aquilo que nos espera no final é algo, sem dúvida, maravilhoso e surpreendente, que nos ajudará a compreender melhor a vontade de Deus e a nossa missão ao serviço do seu Reino”, garante.