
Narendra Modi e Barack Obama estiveram juntos na Índia, em janeiro de 2015. Foto © The White House from Washington, DC, Public domain, via Wikimedia Commons.
A ministra das Finanças da Índia, Nirmala Sitharaman, declarou-se “chocada” com as afirmações do ex-Presidente americano Barak Obama sobre a possibilidade de o desrespeito dos direitos das minorias religiosas na Índia poder levar a movimentos secessionistas, durante a visita de Estado que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, fez na semana passada aos EUA.
Sitharaman criticou violentamente Obama numa conferência de imprensa este domingo, 25 de junho, na qual, segundo The Guardian, perguntou: “alguém dará ouvidos a uma pessoa que, enquanto foi Presidente, bombardeou países de maioria muçulmana da Síria ao Iémen e agora se diz preocupado com os muçulmanos indianos?”.
Durante a visita de Modi aos EUA, Obama disse à CNN que o Presidente Biden deveria levantar a questão da “proteção da minoria muçulmana numa Índia de maioria hindu”, pois para além da questão dos direitos humanos, Biden poderia argumentar com o facto de que sem essa proteção há “uma forte possibilidade da Índia caminhar para enfrentar movimentos separatistas”.
A recente visita de três dias do primeiro-ministro indiano Narendra Modi foi marcada por um cerimonial de boas-vindas na Casa Branca, um luxuoso jantar de Estado, um discurso a uma sessão conjunta das duas câmaras do Congresso dos EUA (facto muito excecional) e a assinatura de acordos bilaterais de grande importância. A administração Biden fez tudo o que podia para tentar trazer a Índia para o seu lado, procurando impedir o reforço das relações indo-russas que se tem vindo a desenhar nos últimos anos e especialmente após a Rússia ter invadido a Ucrânia.
Mas Modi foi também recebido com os protestos de quase uma centena de congressistas subscritores de uma carta criticando os constantes ataques aos direitos das minorias religiosas (muçulmana e cristã) que o Governo Modi promove [ver 7MARGENS]. Antecedendo a chegada de Modi a Washington, o bispo católico de Imphal (no Estado indiano de Manipur) divulgou um documento dando conta de que os confrontos étnicos que começaram no início de maio naquele Estado indiano já provocaram pelo menos 100 mortes, mais de 50 mil desalojados e a destruição de 249 igrejas cristãs.