
A última eucaristia católica no Estabelecimento Prisional de Lisboa antes de entrar em vigor em Portugal o estado de emergência, 6 de Março de 2020. Foto © Filipe Teixeira/Jornal Voz da Verdade
A Obra Vicentina de Auxílio aos Reclusos (OVAR) tem estado em contacto com diferentes grupos parlamentares na Assembleia da República com o objetivo de “sensibilizar” para a “humanização do sistema prisional” em Portugal e lamenta que continue a existir “uma limitação muito grande” nas visitas aos estabelecimentos prisionais.
Um dos grandes objetivos da instituição é que “as prisões deixem de ser ignoradas pela esmagadora maioria da nossa opinião pública”, explicou o presidente, Manuel Almeida dos Santos, em declarações à agência Ecclesia, esta segunda-feira, 28 de setembro.
Para o responsável da OVAR, é preciso “fazer com que as prisões sejam instituições humanas” e ter, no horizonte, o objetivo da “abolição das prisões”, tal como aconteceu no passado “com a abolição da escravatura e da pena de morte”.
Neste momento, uma das preocupações da Obra prende-se com a “retoma” das visitas aos estabelecimentos prisionais, que Manuel Almeida dos Santos considera ser ainda “muito débil”. O presidente da OVAR sublinha que continuam a ser aplicadas limitações não só aos visitadores voluntários da Obra, mas também aos familiares dos reclusos, que “só têm possibilidade de estar com eles uma vez por semana, meia hora, e nos dias úteis”.
“Uma parte central do nosso trabalho é o contacto direto e próximo, respondendo àquilo que são as suas necessidades, não só de natureza espiritual, como material e de ligação à família”, explica Manuel Almeida dos Santos. Um trabalho que tem sido muito dificultado devido às limitações impostas na sequência da pandemia.
Também a Peregrinação Nacional da Pastoral Penitenciária, destinada aos trabalhadores das prisões, assistentes espirituais e religiosos, reclusos e seus familiares, que deveria ter-se realizado em Fátima no passado sábado, foi cancelada.
A Pastoral Penitenciária dinamizou, em alternativa, uma “Peregrinação ao Interior”, para a qual preparou um guião que incluía uma mensagem do bispo Joaquim Mendes (da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana) e do padre João Gonçalves (coordenador nacional da Pastoral Penitenciária), um programa com a oração do terço, a possibilidade de eucaristia ou celebração da Palavra e ainda um momento de oração comum proposto para as 17h, que foi rezado “em sintonia” pelas comunidades de vários estabelecimentos prisionais.