
Momento da sessão do Conselho dos Direitos Humanos, em que foi aprovada a resolução sobre o Irão. Foto captada da transmissão vídeo.
A resolução do Conselho para os Direitos Humanos (CDH) da ONU que se solidariza com o “corajoso povo iraniano”, especialmente as mulheres, e critica o regime pela violência “desnecessária e desproporcional sobre as multidões de manifestantes, nos dois últimos meses, foi esta quinta-feira, 24, aprovada por significativa maioria dos países membros daquele organismo.
A resolução, aprovada por 25 votos a favor, seis contra e 16 abstenções, consagra ainda a criação de uma comissão de inquérito independente para averiguar localmente as situações que vêm sendo denunciadas.
O pedido de uma sessão extraordinária do Conselho partiu de dois países europeus – a Alemanha e a Islândia. Recebeu o apoio de 44 estados-membros, 17 com assento no CDH e 27 observadores, um deles Portugal.
A China, que defendeu que o que o Conselho se preparava para fazer constituiria uma interferência indevida nos assuntos internos do Irão, tentou, à última hora, introduzir uma emenda que passava por eliminar o ponto da comissão de investigação. A proposta foi mal recebida e verberada pelos apoiantes da resolução, devido ao facto de ter sido feita demasiado tarde e não permitir consultas aos governos e outras entidades, mais parecendo uma jogada tática para complicar ou adiar o processo. A proposta chinesa acabaria por ser recusada pela mesma diferença de votos que se viria a registar no documento fundamental que estava em apreciação.
Quando foi anunciado o resultado final, na sala do Palais des Nations, em Genebra, uma grande ovação saudou a vitória da resolução que funcionou também como ato de solidariedade com os milhares de vítimas que têm sofrido detenções arbitrárias, juízos sem processo devidamente elaborado e condenações que têm assumido modalidades extremas como a pena de morte. [ver 7MARGENS]
Recorde-se que os movimentos de contestação e de reivindicação de liberdade que se têm multiplicado no Irão foram desencadeados na sequência da morte de uma jovem curda iraniana Masha Amini, de 22 anos, que tinha sido presa pela polícia da moralidade pelo facto de trazer o hijab (véu) mal colocado.
