Este fim de semana

Organizações religiosas unem-se a “mobilização histórica” pelo fim dos combustíveis fósseis

| 15 Set 2023

Ecologia, combustíveis

Ativistas exigem atenção à crise climática durante um protesto na 11ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas em Karlsruhe, Alemanha, em setembro de 2022. Foto © Paul Jeffrey/WCC.

 

Mais de 50 instituições religiosas, pertencentes à rede GreenFaith, vão manifestar-se este domingo, 17 de setembro, em Nova Iorque (EUA), integrando a Marcha para Acabar com os Combustíveis Fósseis, na qual são esperadas cerca de 15 mil pessoas. A associação ambientalista portuguesa ZERO também irá marcar presença nesta ação.

A marcha acontece a três dias de os líderes políticos se reunirem naquela que será a primeira Cimeira de Ambição Climática das Nações Unidas, convocada por António Guterres, secretário-geral da ONU, em dezembro de 2022, para que sejam definidas “ações climáticas novas, credíveis e sérias” que ajudem a reverter a crise ambiental. António Guterres já avisou que “o bilhete para entrar” é estar comprometido com o fim da expansão dos combustíveis fósseis e deverá pedir aos governos que reforcem os seus planos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

Entre as organizações religiosas que já confirmaram a sua presença incluem-se o movimento católico Laudato Si’, o Conselho Mundial de Igrejas (organização que reúne mais de 350 igrejas e comunidades cristãs), várias instituições muçulmanas (como a Green Muslims of New Jersey), e também judaicas (é o caso da American Jewish World Service).

“Este é um momento crítico para a mobilização em massa em torno dos combustíveis fósseis, o que poderá levar Biden a uma eliminação progressiva mais forte dos combustíveis fósseis antes das eleições de 2024”, refere a GreenFaith no site de divulgação do evento.

Antes da marcha, haverá uma celebração inter-religiosa, em que “pessoas de diversas religiões e comunidades espirituais irão reunir-se para uma Invocação – convidando o espírito do divino dentro das nossas tradições, bem como os espíritos dos nossos ancestrais, das gerações futuras, da natureza, das plantas, dos animais, dos elementos e de todos os lugares. da terra afetada pelo que acontece em Nova Iorque para marchar connosco e ajudar-nos a ter o amor, a força e a coragem de que precisamos para criar um mundo justo e próspero”, assinala ainda a GreenFaith.

 

Piora a crise climática, crescem os protestos

Mar e semáforo. Alterações climáticas

 “A escala desta mobilização e a urgência do momento sublinham os impactos devastadores do recente recorde de calor, das inundações mortais e do aumento dos fenómenos meteorológicos extremos.” Foto © Kelly Sikkema / Unsplash.

 

“A mensagem chave é muito clara: temos de acabar com a nossa dependência da energia fóssil que está a poluir e a aquecer o planeta, sendo causa de uma crise ambiental e climática que está a colocar em causa a habitabilidade de muitos locais no mundo”, defende a associação ambientalista ZERO, que irá estar representada na marcha em Nova Iorque, e também na cimeira.

Em comunicado enviado aos meios de comunicação, esta associação portuguesa alerta que “as alterações climáticas estão neste exato momento a provocar incêndios, inundações e tempestades chocantes em todo o mundo, nomeadamente na Europa”. Mas “enquanto as comunidades locais sofrem, as empresas de carvão, petróleo e gás, envolvidas nesta destruição, arrecadam lucros astronómicos. A ZERO entende que já chega”, pode ler-se no texto, onde o apelo é claro: “os governos têm de deixar de ser cúmplices destas empresas, e obrigá-las a pagar os custos dos seus danos”.

Além da marcha em Nova Iorque em que participarão as instituições religiosas e a associação ZERO, estão planeados inúmeros protestos em 54 países ao longo de todo o fim de semana, que deverão reunir, de acordo com a agência Reuters, mais de um milhão de pessoas. Esta poderá tornar-se, assim, na maior ação internacional pelo clima desde o período anterior à pandemia de covid-19, quando o movimento liderado pela ativista sueca Greta Thunberg mobilizou milhões de pessoas em todo o mundo.

“Esta mobilização histórica renova e reforça os esforços coordenados globalmente, focados em acabar com a era dos combustíveis fósseis”, diz um comunicado da organização desta ação de protesto a nível internacional. “A escala desta mobilização e a urgência do momento sublinham os impactos devastadores do recente recorde de calor, das inundações mortais e do aumento dos fenómenos meteorológicos extremos”, acrescenta o texto, para concluir: “A crise climática está a aumentar e, em resposta, o mesmo acontece com o movimento global pela justiça climática. Em todo o mundo, estamos a unir-nos para lutar contra a indústria dos combustíveis fósseis e os seus facilitadores”.

 

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