Associação alerta

Organizar Mundial de Futebol com Marrocos é “encobrir violações dos Direitos Humanos”

| 16 Mar 2023

unidade de patrulha da ONU na região de Smara, Saara Ocidental UN PhotoMartine Perret (arquivo)

Unidade de patrulha da ONU percorre a região de Smara, no Saara Ocidental. Foto © ONU/Martine Perret.

 

O primeiro-ministro, António Costa, considera que a candidatura conjunta de Portugal, Espanha e Marrocos à organização do Mundial de Futebol de 2030 “é uma importante mensagem para o mundo”, simbolizando proximidade entre dois continentes. Mas a Associação de Amizade Portugal Sahara-Ocidental (AAPSO) escreveu esta semana ao presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, pedindo que tal candidatura seja reconsiderada, “sob pena de o Campeonato Mundial de Futebol se transformar numa ocasião privilegiada de encobrimento das violações dos Direitos Humanos cometidas pelo regime marroquino e daqueles que, conhecendo a situação, lhe dão cobertura”.

Na missiva, a que o 7MARGENS teve acesso, a AAPSO assinala que “Marrocos ocupa ilegalmente desde 1975 o Sahara Ocidental” e que “fruto desta ocupação ilegal, e da resistência que o povo saharaui lhe opõe, sucedem-se as violações dos Direitos Humanos”. O mesmo acontece, alerta a associação, “no próprio Reino de Marrocos, cujo regime foi condenado em resolução do Parlamento Europeu de 19 de janeiro último por não respeitar os direitos à liberdade de expressão e a processos legais justos”. Prova disso, sublinha a missiva, é o facto de que “em ambos os territórios, jornalistas, intelectuais e activistas, entre outras pessoas, têm sido alvo de repressão violenta e sistemática”.

A associação questiona ainda: “Que credibilidade tem Marrocos para acolher um evento desportivo desta natureza quando, para alcançar os seus fins políticos, exerce chantagem sobre outros países utilizando rotas de migrantes e drogas, se socorre de subornos a parlamentares e funcionários europeus e deporta sumariamente todas as pessoas que querem visitar o Sahara Ocidental por não lhe convir que vejam o que aí se passa?”.

Lembrando que Marrocos “inclusivamente tem impedido o Escritório do Conselho de Direitos Humanos da ONU e o representante pessoal do Secretário-geral da ONU para o Sahara Ocidental de visitar este território”, a AAPSO apela à Federação Portuguesa de Futebol que reconsidere esta proposta e solicita uma reunião com o seu presidente “o mais brevemente possível”.

Recorde-se que, em julho passado, perto de 680 personalidades portuguesas enviaram uma carta ao Governo português solicitando ajuda para o Saara Ocidental, “a última colónia de África”, pedindo-lhe especificamente ao primeiro-ministro e ao ministro dos Negócios Estrangeiros que mantivessem “na sua agenda, em coerência com o Direito Internacional, com a Constituição da República Portuguesa e com o apoio dado ao povo timorense, a defesa clara e explícita do direito à autodeterminação do povo do Saara Ocidental”.

O próximo Mundial de Futebol, em 2026, terá lugar nos EUA, México e Canadá, e no próximo mês de junho a FIFA deverá anunciar quem pode ou não avançar com uma candidatura ao Mundial de 2030. A decisão final sobre o organizador só será conhecida em setembro do próximo ano.

 

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