Nicarágua

Ortega congela contas da Igreja, acusando-a de “lavar dinheiro”

| 28 Mai 2023

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, em 2012. Foto © Cancillería del Ecuador

 

 

A escalada repressiva contra a Igreja católica e outras confissões religiosas na Nicarágua sobe de nível e de gravidade: nos últimos dias o poder político congelou as contas bancárias das instituições católicas do país e acusou a Igreja de branqueamento de capitais. Aparentemente, a estratégia é criar uma situação de asfixia e, finalmente, de encerramento de serviços. “Estamos a assistir a níveis de perseguição religiosa nunca antes vistos”, comenta o opositor político exilado Juan Sebastián Chamorro.

Segundo informações que circularam nos últimos dias da Nicarágua, os responsáveis da Arquidiocese de Manágua e de todas as outras dioceses do país ficaram sem acesso às contas e sem acesso aos respetivos fundos. Deste modo, as paróquias ficam impedidas de pagar aos assalariados que trabalham nos seus serviços sociais, educativos e religiosos, bem como as contas de funcionamento.

A situação não ficou por aqui. Este sábado, 26 de maio, a Polícia Nacional anunciou que, na sequência de investigações, descobriu “centenas de milhares de dólares escondidos em sacos localizados em instalações pertencentes a dioceses do país”, acusando a instituição de “lavagem de dinheiro”.  Por outro lado, “ordenou a apresentação de documentos que mostrem os movimentos das contas bancárias das dioceses em que interveio”.
Segundo as autoridades policiais, a igreja lidava alegadamente com fundos e recursos em contas bancárias “que tinham pertencido a pessoas condenadas por traição”.

Entretanto, o cardeal e arcebispo de Manágua, Leopoldo Brenes, que, tal como o Papa, tem sido comedido nos pronunciamentos, reconheceu em declarações à publicação Despacho 505, citadas pelo conhecido blog Il Sismografo, ter sido informado da suspensão das contas. O cardeal disse à mesma fonte que s bispos vão, em breve, analisar a situação, garantindo que “as contas da igreja estão em ordem”. Adiantou igualmente que só soube da acusação de lavagem de dinheiro pelas notícias.

Ignora-se se estas medidas governamentais têm alguma relação com a detenção, uns dias antes, de três padres católicos, párocos em diferentes dioceses nicaraguenses. O que diz o comunicado policial é que terá sido feita uma “remoção ilegal de recursos de contas bancárias sobre asquais recaíam ordens de congelamento e outras atividades ilícitas que ainda estão a ser investigadas, em dioceses de diferentes departamentos.

As movimentações do regime de Ortega têm sido interpretadas como uma tentativa de manietar a Igreja.  A advogada Yonarki Martínez considera que se trata de um procedimento ilegal: “O levantamento do sigilo bancário é feito quando há indícios de um crime e para isso é necessária a autorização de um juiz, o procedimento utilizado não é o estabelecido pela Superintendência de Bancos”, afirmou a defensora dos direitos humanos, citada pelo site “100 Noticias”. “Informam que estão a investigar, mas no comunicado já surgem a condenar”, quando, através do Ministério do Interior, poderiam ter feito um pedido por escrito à Igreja, denunciou Martínez.

Uma outra advogada, Martha Patricia Molina, que tem feito relatórios das agressões sistemáticas do regime ditatorial nicaraguense contra a Igreja Católica, não se poderia esperar nada de diferente, quando é o próprio Daniel Ortega a condenar a Igreja em muitas ocasiões, chamando-lhe “terrorista”, “criminosa” ou “máfia organizada”.

Para Molina, existe um “uso arbitrário das leis do país” por parte das autoridades e a Conferência Episcopal do país deveria lançar “um S.O.S. urgente ao mundo”, porque, a seguir ao que já foi feito, não deixarão de “raptar mais religiosos e confiscar os bens imóveis da igreja”.

O político exilado Juan Sebastián Chamorro, por sua vez, escreveu na sua conta do Twitter:
“A ditadura acusa a Igreja Católica de lavagem de dinheiro, congela contas e associa a Igreja a atos de traição. Estamos a assistir a níveis de perseguição religiosa nunca antes vistos. No final, e como sempre acontece, será a Igreja que verá seus caixões passarem”.

 

Um dia para conhecer a ecologia integral e aprender a pô-la em prática

Encontro da Rede Cuidar da Casa Comum

Um dia para conhecer a ecologia integral e aprender a pô-la em prática novidade

Porque o Planeta é de todos e todos são chamados a cuidar dele, a REDE Cuidar da Casa Comum vai realizar, no próximo dia 30, o encontro nacional “Também Somos Terra”, para o qual convida… todos. O evento terá lugar no Seminário de Leiria e será uma oportunidade para conhecer melhor o conceito de ecologia integral, em particular na vertente da economia social e desenvolvimento comunitário.

Apoie o 7MARGENS e desconte o seu donativo no IRS ou no IRC

Breves

 

Com a complacência do Governo Modi

Violência contra cristãos bate recordes na Índia

Nos primeiros oito meses deste ano o United Christian Forum (UCF) documentou 525 incidentes violentos contra cristãos em 23 Estados da Índia, quando em todo o ano de 2022 o mesmo organismo havia registado 505 ocorrências. A maioria dos ataques (211) teve lugar no Uttar Pradesh. Perto de 520 cristãos foram detidos em todo o país ao abrigo das leis anti-conversão.

Que mistério este, o coração humano

Que mistério este, o coração humano novidade

Acreditamos na paz, na humanidade, em nós próprios, em Deus, em deuses, no diabo, na ciência. E é legítimo. Sem dúvida. Somos livres, e livres de buscar a verdade conforme nos apraz. Assim, deixamo-nos levar por normas, por credos, por mestres de todas as cores e feitios; submetemo-nos livremente a uma entidade, a uma ideia, na perspetiva de que isso nos aproxima do grande mistério do universo.

Comunidade Bahá’i denuncia “hipocrisia” e “desrespeito” do Presidente iraniano na ONU

Perseguição dura há 44 anos

Comunidade Bahá’i denuncia “hipocrisia” e “desrespeito” do Presidente iraniano na ONU novidade

Quem ouvir o discurso que o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, fez na semana passada na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, mostrando o Alcorão, defendendo a igualdade e apelando ao respeito pelas religiões em todo o mundo e à não violência, poderá ser levado a pensar que o pais está finalmente no bom caminho quanto ao respeito pelas minorias religiosas. Infelizmente, não é o caso, alerta a Comunidade Bahá’i Internacional (BIC, na sigla inglesa), para quem “a hipocrisia de tirar o fôlego do governo iraniano deve ser denunciada. Se o governo iraniano acredita que todas as pessoas são iguais, porque tem perseguido sistematicamente a comunidade bahá’í do Irão durante os últimos 44 anos?”, questionam.

Comunidade Loyola: um sistema montado para vigiar, punir e abusar

Os estragos do padre Rupnik (2)

Comunidade Loyola: um sistema montado para vigiar, punir e abusar novidade

A existência canónica da Comunidade Loyola é reconhecida em 1994, mas nessa altura havia já um percurso de cerca de dez anos atribulados em que se combinam a busca do carisma, a adesão de mulheres, umas mais entusiasmadas do que outras, e uma prática de abusos espirituais e sexuais por parte daquele que fez as vezes da superiora – o padre jesuíta esloveno Marko Ivan Rupnik.

Agenda

There are no upcoming events.

Fale connosco

Autores

 

Pin It on Pinterest

Share This