
Cena do filme A Festa de Babette, realizado por Gabriel Axel, um dos favoritos do Papa Francisco que passará na Cinemateca Portuguesa.
De 28 a 31 de julho, mesmo antes do arranque da JMJ Lisboa 2023, a Cinemateca Portuguesa vai acolher o ciclo “O Cinema segundo Francisco”, dedicado às escolhas cinéfilas do Papa.
“Ao todo, serão cinco filmes que nos darão a conhecer o gosto cinéfilo de uma figura incontornável do século XXI e que nunca abdicou de revelar o seu lado mais pessoal”, escreve a Cinemateca Portuguesa na programação de julho.
O ciclo abre com “A Estrada” (1954), de Federico Fellini, que, lembra a Cinemateca, “causou acirrada polémica na Europa: a esquerda considerou-o ‘reacionário’ e acusou Fellini de trair o neorrealismo, ao passo que as vozes oficiais católicas foram extremamente prudentes”. [ver 7MARGENS]
Protagonizado por Anthony Quinn e Giulietta Masina, o filme de Fellini “conta a história da jovem Gelsomina que é vendida ao cigano Zampanò, que se exibe em feiras de aldeia a rebentar correntes com o tórax. Ela exerce as funções de criada, assistente e mulher do homem, tenta fugir e tudo acabará tragicamente”, refere a sinopse.
Além do filme de Fellini, o ciclo contará com outros dois filmes italianos: “Esposos perante Deus” (1941), de Mario Camerini, e “As crianças olham Para nós” (1952), de Vittorio de Sica.
A eles juntam-se ainda “Rapsódia em agosto” (1991), de Akira Kurosawa, e “A festa de Babette” (1987), de Gabriel Axel, filme sobre o qual o 7MARGENS havia escrito em março deste ano.
As escolhas deste ciclo têm por referência uma entrevista que o Papa Francisco deu em 2013 ao jornal L’Osservatore Romano, na qual referia “a sua antiga paixão pelo cinema e a importância deste na sua formação pessoal e espiritual”.
Papa recebe prémio Cinema for Peace
Não exatamente pelo seu amor ao cinema, mas pelo trabalho que fez nos últimos meses, muitas vezes “em silêncio”, pela população ucraniana, o Papa Francisco foi um dos galardoados com o prémio Cinema for Peace, no passado dia 27 de junho.
O prémio é o reconhecimento da fundação internacional com o mesmo nome, criada após o ataque de 11 de setembro às Torres Gémeas, com o objetivo de influenciar através dos filmes a perceção e resolução dos desafios sociais, políticos e humanitários globais e de opor-se à guerra e ao terrorismo.
Jaka Bizilj, fundador da organização, fez questão de entregar o galardão em mãos ao Papa Francisco, na Casa Santa Marta. “Ajudou as pessoas e procurou salvar as crianças e levar para casa os prisioneiros. Ele favoreceu os corredores humanitários e, indo à Embaixada da Rússia no primeiro dia, tentou conter o conflito”, sublinhou com emoção.
O reconhecimento foi dedicado em particular a todas as “crianças mortas” no país do Leste Europeu. Acima de tudo, explicou Bizilj ao Papa, queremos recordar um menino de um ano que morreu num ataque com mísseis russos em 8 de março de 2022. O pai, disse ele, participou na terça-feira na exibição na Universidade Europeia do documentário sobre a Ucrânia “Freedom on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom”, do diretor Evgeny Afineevsky. “Ele acredita que os seus filhos estão agora no céu, num mundo melhor”, disse Bizilj, dirigindo-se a Francisco.
E acrescentou: “É uma honra para nós poder dar-lhe este prémio, milhões de pessoas depositam tanta esperança em si e todos os pais que perderam os seus filhos pensam que agora estão no paraíso. O senhor dá esperança e inspiração às pessoas”.