
O padre Mário Rui Pedras (ao centro), durante a celebração da vigília pascal na Igreja de São Nicolau, em Lisboa, em 2019. Foto © Paróquia de São Nicolau.
O padre Mário Rui Pedras, pároco de São Nicolau e da Madalena, em Lisboa, assumiu numa mensagem publicada esta quarta-feira, 22, no site das suas paróquias ter sido um dos quatro clérigos afastados preventivamente pelo cardeal-patriarca, Manuel Clemente, por constar da lista de alegados abusadores entregue pela Comissão Independente. No seu comunicado, garante estar inocente e ser ele próprio vítima de uma “profunda injustiça”, com base numa “denúncia anónima, falsa, caluniosa, sem qualquer elemento útil ou prestável para investigação”.
“A denúncia anónima, sendo anónima, não dá a conhecer a identidade de quem a haja feito; não refere o nome da inventada vítima (quem denunciou anonimamente poderia indicar um qualquer nome); não se indica o local onde os falsos abusos teriam sido perpetrados; não fornece qualquer pista para levar a cabo uma investigação, referindo, por exemplo, o nome de potenciais testemunhas que tivessem algum conhecimento sobre o tema. Nada.”, sublinha Mário Rui Pedras na sua mensagem.
O pároco, que é também diretor do Departamento do Turismo do Patriarcado de Lisboa e do Departamento da Mobilidade, e ainda assistente nacional da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), diz ter ficado “profundamente chocado” quando foi chamado ao Patriarcado na passada segunda-feira, 20 de março, e soube da acusação, considerando que a sua “honra” e “reputação” estão a ser afetadas “por um golpe cobarde”.
Padre há 41 anos, Mário Rui Pedras é ainda conhecido pela sua posição tradicionalista em termos litúrgicos (na sua paróquia, celebram-se missas segundo o rito tridentino) e por ser o diretor espiritual e confessor do líder do Chega, André Ventura. Negando totalmente as acusações e dizendo-se alvo de uma “abjeta e monstruosa difamação”, o clérigo garante que ao longo da sua vida sacerdotal não praticou “o que quer que fosse de censurável, seja pelo prisma da lei canónica, pelo prisma da lei civil ou da ética comportamental”.
Agora, irá “fazer tudo o que estiver ao alcance para desmascarar quem [o] difamou”, adianta. “Analisarei quais as vias possíveis para reclamar judicialmente a reparação que me é devida, sabendo, todavia, que o caráter anónimo da denúncia poderá comprometer este meu propósito”, escreve no comunicado.
“Quem não deve não teme. E eu não temo. Tudo farei para que a verdade seja reposta”, conclui.