
Padre Hyacinth Alia, governador do estado Benue da Nigéria: “desde o dia em que tomei a decisão de responder aos apelos prementes do meu povo para enfrentar o Governo de Benue com o objetivo de o resgatar das algemas da má administração, tive plena consciência do sacrifício que ia fazer”. Foto: wikimedia Commons
O padre católico Hyacinth Alia, de 57 anos, tomou posse no dia 29 de maio como governador do Estado de Benue que faz parte do chamado Cinturão Médio da Nigéria, uma região do centro do país em que o conflito fazendeiros-pastores migrantes tem provocado centenas de mortos e dezenas de milhares de deslocados, a acrescentar aos refugiados vindo dos vizinhos Camarões.
De acordo com o jornal católico The Pillar de 1 de junho, Alia está suspenso pelo bispo de Gboko, William Avenya, desde que decidiu participar nas primárias do partido All Progressives Congress (APC) em que acabou por ser designado candidato das eleições que veio a vencer obtendo 473.933 votos, contra 223.913 do seu rival mais próximo, o candidato do Partido Democrático Popular, Tito Ubá.
“A Igreja não permite que os seus clérigos se envolvam em política partidária por conta própria”, escreveu o bispo Avenya, citando o Direito Canónico que determina que “os clérigos estão proibidos de assumir cargos públicos que impliquem a participação no exercício de funções do poder civil.”
“Como vosso governador, comprometo-me a trabalhar com as agências de segurança e o Governo federal para garantir a segurança da vida e da propriedade no nosso Estado”, disse Alia na cerimónia de tomada de posse em que se apresentou vestido de fato preto com colarinho romano. E acrescentou que pretende “voltar ao púlpito” depois de cumprir o mandato de governador.
O padre Hyacinth Alia já tinha respondido ao seu bispo afirmando que: “desde o dia em que tomei a decisão de responder aos apelos prementes do meu povo para enfrentar o Governo de Benue com o objetivo de o resgatar das algemas da má administração, tive plena consciência do sacrifício que ia fazer”.
A campanha de Alia destacou a sua identidade como padre católico e divulgou um seu perfil oficial em que o descrevia como “um renomado padre católico, humanitário, inovador, administrador experiente”, bem como “um padre exorcista de renome nacional e internacional”.
Essa biografia referia que “as missas de exorcismo e cura do padre Alia tiveram um impacto positivo na vida de todas as pessoas, independentemente de filiações religiosas”. The Pillar refere um jornal diário nigeriano – The Punch – que registou o comentário de um membro da comunidade local: “A missa de exorcismo e as cerimónias de milagres que o reverendo padre realiza há décadas dão-lhe grande popularidade entre os povos de Benue”. A essa áurea junta-se o facto, continuou a mesma testemunha, do padre Alia ser conhecido pelo seu “apoio aos pobres e deslocados”.