
Acusado de ligações maoístas e terroristas pelas autoridades, Stan Swamy sempre negou essas imputações. Foto © Khetfield59, via Wikimedia Commons.
Vários documentos qualificados como “provas incriminatórias” foram introduzidos no computador pessoal do padre Stan Swamy por um pirata informático, confirmou uma empresa forense norte-americana, à qual os jesuítas na Índia solicitaram uma investigação. A notícia foi avançada esta quarta-feira, 14 de dezembro, pela Agência Fides, que tem acompanhado o caso do religioso detido por presumíveis ligações a grupos terroristas e que morreu na prisão em 2021.
O relatório da empresa Arsenal Consulting, com sede em Boston, abre assim uma brecha nas acusações de que era alvo o padre Swamy, centradas numa suposta correspondência eletrónica entre ele e dirigentes maoístas. e que pretendia demonstrar que havia sido cúmplice de uma violenta conspiração.
A empresa assinala que 44 documentos, incluindo as chamadas “cartas aos maoístas”, citadas como provas contra Swamy, foram introduzidas no seu computador pessoal por um hacker que acedeu ao mesmo ao logo de cinco anos, desde 2014 até 2019, altura em que o PC foi confiscado e examinado pela polícia indiana.
“Conhecíamos o Stan e estávamos completamente seguros da sua inocência e boa fé. Esta é a prova de que o padre Swamy foi incriminado. Detido sob acusações absurdas de colaboração com grupos terroristas, morreu sob custódia aos 83 anos, debilitado por um longo e injusto encarceramento”, afirmou o jesuíta indiano Cedric Prakash, que esteve envolvido na defesa de Swamy.
“Hoje, entregamos [as provas] à Agência Nacional de Investigação da Índia para que tome nota, leve a cabo a sua investigação e admita os seus erros. Exigimos a plena reabilitação do padre Swamy como pessoa completamente inocente, incluindo com um possível pronunciamento suo motu do Tribunal Supremo da Índia”, acrescentou.
Acusado de ligações maoístas e terroristas pelas autoridades, Stan Swamy sempre negou essas imputações: em causa, antes, estaria o seu apoio, nas últimas cinco décadas, a povos indígenas do país e à defesa dos direitos humanos, nomeadamente manifestando-se contra expropriações injustas que têm atingido a comunidade Adivasis, povo indígena de Jharkhand, conforme o 7MARGENS contou.