
Para Francisco, a missão da Igreja, “especialmente nas circunstâncias históricas que atravessamos, exprime-se na prestação de cuidados”. Foto © Vatican Media.
Foi divulgada esta terça-feira, 10 de janeiro, a mensagem do Papa para o Dia Mundial do Doente, que se assinala a 11 de fevereiro. Nela, Francisco recorda a pandemia de covid-19 e alerta que “ao sair duma tragédia coletiva assim tão grande, não é suficiente o prestar honras aos heróis”. É necessário, defende, “que a gratidão seja acompanhada, em cada país, pela busca ativa de estratégias e recursos a fim de serem garantidos a todo o ser humano o acesso aos cuidados médicos e o direito fundamental à saúde”.
Inspirado pela imagem de Deus como o pastor que apascenta todas as ovelhas e vai procurar cada uma que se perca no caminho, o Papa diz que é preciso “aprender com Ele a ser verdadeiramente uma comunidade que caminha em conjunto, capaz de não se deixar contagiar pela cultura do descarte”.
Na sua mensagem, Francisco lembra também a parábola do Bom Samaritano e o paralelismo que é possível estabelecer entre ela “e as múltiplas formas em que é negada hoje a fraternidade”. “De modo particular, – explica – no facto de a pessoa espancada e roubada acabar abandonada na estrada, podemos ver representada a condição em que são deixados tantos irmãos e irmãs nossos na hora em que mais precisam de ajuda”.
Para o Papa, “o que importa aqui é reconhecer a condição de solidão, de abandono”. Assumindo que “nunca estamos preparados para a doença, e muitas vezes nem sequer para admitir a idade avançada”, e que na “cultura do mercado (…) não há espaço para a fragilidade”, Francisco conclui que, quando a doença chega, “pode acontecer que os outros nos abandonem, ou nos pareça que devemos abandoná-los a fim de não nos sentirem um peso para eles” e “começa assim a solidão”.
Mas esta solidão, refere o Papa, “pode ser superada antes de qualquer outra injustiça, porque para a eliminar – como conta a parábola, em que um samaritano cuida de um estranho na estrada – basta um momento de atenção, o movimento interior da compaixão”. Assim, é muito importante, “relativamente também à doença, que toda a Igreja se confronte com o exemplo evangélico do bom samaritano, para se tornar um válido ‘hospital de campanha'”, defende. Para Francisco, a missão da Igreja, “especialmente nas circunstâncias históricas que atravessamos, exprime-se na prestação de cuidados”.
A covi-19 “pôs à prova esta grande rede de competências e solidariedade e mostrou os limites estruturais dos sistemas de assistência social existentes”, sublinha o Papa. Por isso, o Dia Mundial do Doente “não convida apenas à oração e à proximidade com os que sofrem, mas visa ao mesmo tempo sensibilizar o povo de Deus, as instituições de saúde e a sociedade civil para uma nova forma de avançar juntos”.