
O Papa estreou-se num estúdio de TV. Foto © Vatican Media, reproduzida pela Ecclesia.
Na estreia num estúdio de televisão, o Papa Francisco deixou uma mensagem antiga: a da defesa da paz, num tempo em que a guerra parece prolongar-se indefinidamente na Europa.
“Com a paz, ganha-se sempre, talvez pouco, mas ganha-se. Com a guerra, perde-se tudo. Tudo”, afirmou. Francisco participava na mais recente emissão do programa A Sua Immagine (À Sua Imagem), da RAI, a televisão pública italiana, lançando apelos à paz e à educação das novas gerações.
Francisco começou por defender que os media “devem ajudar cada um a encontrar-se, a entender-se, a fazer amizade”, com o objetivo de “preservar a humanidade, o humanismo”. O Papa apresentou uma reflexão sobre a “gratuidade”, considerando que todos devem “fazer a sua parte”, desenvolvendo as próprias capacidades. E, citado pela agência Ecclesia, mostrou-se crítico de uma sociedade marcada pelo exagero da superficialidade e das aparências, na qual “quem não faz de pavão, se sente pouca coisa”.
A emissão contou com a presença de um capelão prisional, o padre Marco Pozza, de Pádua, que já gravou várias entrevistas com Francisco, e da irmã Agnese Rondi, religiosa que se dedica a ajudar os mais pobres.
O programa, a que o Papa se referiu várias vezes, durante a recitação dominical do ângelus, apresentou, entre outras, a história de um campeão olímpico italiano, Fausto Desalu, de ascendência nigeriana.
Foi ainda recuperado o momento que marcou a saída do Papa do Hospital Gemelli, a 1 de abril, com o abraço a um casal que tinha perdido a sua filha, poucas horas antes.
Serena e Matteo estiveram no estúdio, para agradecer a Francisco, o qual relatou que tinha visto a menina, Angélica, durante o internamento, com a consciência de que o seu estado era terminal. “O que me move é a ternura, poder acompanhar a dor”, relatou o pontífice, sustentando que “diante da dor, apenas gestos, as palavras não ajudam”. “Não há palavras para a dor, apenas gestos e o silêncio”, insistiu.
O Papa ouviu o testemunho de Diana Gini, uma jovem vítima de bullying, lamentando que haja quem tenha “prazer em torturar” os outros.
Francisco convidou os pais a “educar com afeto, um abraço”, sublinhando ainda a importância de impor “limites”, porque as crianças têm “necessidade do ‘sim’ do amor e também do ‘não’”. “O amor é mais forte do que a agressão. Não há outro caminho: escolher o caminho do amor, da ternura”, acrescentou.
Para o Papa, quem agride “finge ser vencedor”, porque esta é “uma vitória sobre a agressão, a dor dos outos” “A verdadeira vitória é harmoniosa, não é agressiva”, disse, numa conversa com a apresentadora do programa, Lorena Bianchetti.
A primeira passagem do Papa por um estúdio televisivo conclui-se com um apelo para o próximo jubileu, o Ano Santo de 2025: “Aprender a perdoar, como Deus.”
O programa religioso A Sua Immagine, no ar há 26 anos, nasceu da colaboração entre a televisão pública e a Conferência Episcopal Italiana (CEI).