
Ao saudar os peregrinos de língua polaca presentes na Aula Paulo VI, Francisco recordou o 80º aniversário da “Operação Reinhard”. Foto © Vatican Media.
O Papa comparou, no final da audiência geral desta quarta-feira, 7 de dezembro, o que está a acontecer na Ucrânia com o que se passou há 80 anos na Polónia, com o extermínio de milhares de judeus pelos nazis.
Ao saudar os peregrinos de língua polaca presentes na Aula Paulo VI, e na presença do presidente da Câmara de Lviv, Andrii Sadovy, acompanhado de um grupo de pessoas que trabalham no centro de reabilitação Unbroken para vítimas de guerra na Ucrânia, Francisco recordou o 80º aniversário do plano secreto que os nazis lançaram na II Guerra Mundial para exterminar os judeus polacos, conhecido como “Operação Reinhard”. “A História repete-se, vemos o que está a acontecer agora na Ucrânia”, afirmou.
Francisco concluiu depois a audiência pedindo à Virgem da Imaculada, cuja solenidade se celebra esta quinta-feira, que “dê conforto a todos os afetados pela brutalidade da guerra” e “especialmente à martirizada Ucrânia”, além de exortar os fiéis a rezar pelo povo ucraniano “martirizado” e “tão sofrido”.
Já na audiência do passado dia 23 de novembro, o Papa havia relacionado o sofrimento atual dos ucranianos com o “genocídio causado por Estaline” nos anos 30, conhecido como Holodomor, em que o ditador soviético foi acusado de causar fome na Ucrânia, o que terá vitimado mais de 3 milhões de pessoas.
“Uma encíclica sobre a paz na Ucrânia”

A obra está disponível online, para já apenas em italiano, e conta com uma introdução escrita pelo Papa.
A propósito da posição de Francisco relativamente à guerra na Ucrânia, foi lançado esta terça-feira, 6 de dezembro, em Itália, um livro que reúne as suas intervenções sobre o conflito. Intitulada “Uma encíclica sobre a paz na Ucrânia”, a obra está disponível online, para já apenas em italiano, e conta com uma introdução escrita pelo Papa e traduzida pelo Vatican News para língua portuguesa.
Nesse texto, inédito, Francisco critica a “indiferença cobarde” de quem poderia intervir a favor da paz e questiona: “Quantas tragédias ainda teremos de testemunhar antes que todos os envolvidos em cada guerra compreendam que esta é apenas uma estrada de morte, que ilude apenas alguns a acreditarem que são os vencedores?”
O texto reforça a rejeição de uma “guerra santa” e de qualquer justificação religiosa para os conflitos. “Os horrores da guerra, de toda a guerra, ofendem o santíssimo nome de Deus. E ofendem-no ainda mais quando o seu nome é abusado para justificar tal indizível massacre”, pode ler-se.
E deixa ainda um alerta: “Não devemos, por nenhuma razão no mundo, acostumar-nos a isto, quase tomando como certa esta terceira guerra mundial em pedaços que se tornou, diante de nossos olhos, uma guerra mundial total”.