
Conferência de imprensa do Papa Francisco no voo de regresso a Roma, vindos de Malta. Foto © Vatican Media
Depois de ter levantado a hipótese, no voo que o levava a Malta, de se poder deslocar a Kiev, o Papa Francisco foi mais claro nesta sua intenção durante o voo de regresso a Roma. Questionado pelos jornalistas, confirmou que uma eventual visita à Ucrânia está “em cima da mesa”, projetando ainda um encontro com o patriarca Cirilo, do Patriarcado Ortodoxo de Moscovo e o trabalho de bastidores da diplomacia do Vaticano.
“Estou disposto a fazer o que for preciso, e a Santa Sé, especialmente o lado diplomático, o cardeal (Pietro) Parolin [secretário de Estado] e D. (Paul Richard) Gallagher [secretário para as relações com os Estados], estão a fazer de tudo, mas tudo – não podemos publicar tudo o que fazem, por prudência, por sigilo, mas estamos no limite”, disse aos jornalistas, no voo de regresso a Roma, desde Malta, citado pela Ecclesia.
Numa breve conferência de imprensa, após a visita de dois dias à ilha do Mediterrâneo, Francisco reforçou o que tinha dito aos profissionais da comunicação, este sábado, à partida para a viagem. “Alguém mo perguntou, mais do que um, e eu disse com sinceridade que tinha em mente ir lá [Ucrânia], que há sempre disponibilidade, não há ‘não’, estou disponível”, precisou, adiantando que “não sei se poderá ser feita, se é conveniente fazê-la; se fazê-la seria o melhor ou se é conveniente fazê-la, se a devo fazer, tudo isso está no ar”.
Francisco adiantou também, sem ser questionado, que está a ser preparado um encontro com o patriarca Cirilo, com quem se reuniu pela primeira vez na história em Cuba, há seis anos. “Estamos a pensar no Médio Oriente para o fazer, é assim que as coisas estão agora”, indicou.
No voo de regresso, Francisco recordou também os jornalistas que morreram durante a guerra na Ucrânia, elogiando o papel da imprensa ao serviço do “bem comum”. “Gostaria de apresentar as condolências pelos vossos colegas que morreram”, disse Francisco aos jornalistas, cerca de 70 profissionais, que o acompanharam no voo de regresso a Roma, após uma viagem de dois a Malta.
A conversa, que durou cerca de 20 minutos, evocou os jornalistas no cenário de guerra, “estejam de que parte estiverem, não interessa”. “O vosso trabalho é pelo bem comum e essas pessoas morreram em serviço pelo bem comum. Pela informação. Não nos esqueçamos delas”, declarou o Papa.
“Foram corajosos e eu rezo por eles, para que o Senhor recompense o seu trabalho”, acrescentou.
Francisco disse ainda manter contactos regulares, “a cada dois ou três dias”, com a jornalista argentina Elisabetta Piqué, que estava em Lviv e agora em Odessa, na Ucrânia, para se informar sobre a situação no terreno.
Até ao momento há relato de sete mortes de jornalistas, desde o início da invasão russa da Ucrânia: Maks Levin, Pierre Zakrzewski, Oleksandra Kuvshynova, Oksana Baulina, Brent Renaud, Viktor Dêdov e Evgeny Sakun.