O padre James Martin, SJ, em audiência com o Papa, em 2019. Foto reproduzida da página de James Martin na rede Facebook
O Papa Francisco e o arcebispo de Nova Iorque, cardeal Timothy Dolan, enviaram mensagens de apoio à Conferência Outreach que este ano debaterá entre 16 e 18 de junho, no Lincoln Center da Fordham University, em Manhattan, a pastoral e o ministério de acompanhamento das pessoas LGBTQ na Igreja Católica.
A notícia das cartas foi divulgada na edição do National Catholic Reporter nesta quarta-feira, 14 de junho, e contradiz uma petição, “lançada por influencers online de direita para tentar impedir o evento”. Na carta manuscrita endereçada ao padre jesuíta James Martin, Francisco pede que este transmita a todos os participantes na conferência os seus “melhores cumprimentos” e sublinha: “Nas minhas orações tenho-o presente, assim como a todos os que trabalham na Conferência Outreach”.
Por seu turno, o cardeal Dolan, na sua mensagem de boas-vindas aos participantes na conferência escreve, recordando anteriores afirmações do Papa: “É um dever sagrado da Igreja e dos seus ministros chegar os que estão na periferia e atraí-los para uma relação mais próxima com Jesus e a Sua Igreja. O vosso vital e importante ministério é uma contribuição valiosa e necessária para este esforço.”
Este é a segunda vez que o Outreach – um sítio de notícias e opinião online dedicado aos católicos LGBTQ, animado pelo padre James Martin e afiliado na organização America Media – promove a sua conferência anual. As conferências “reúnem leigos LGBTQ, clérigos, estudiosos, artistas, educadores, estudantes e familiares interessados em construir uma comunidade, partilhar as melhores práticas e rezar juntos”. Este ano terá como oradores principais Tania Tetlow, presidente da Fordham University, Juan Carlos Cruz, advogado LGBTQ e vítima de abusos de um padre pedófilo chileno; e Marianne Duddy-Burke, diretora executiva da DignityUSA.
Ryan Di Corpo, editor-chefe do Outreach, disse ao National Catholic Reporter que a conferência procura concentrar-se na temática “da inclusão e do cuidar de todas as pessoas na Igreja” e ser, tal como o Papa Francisco tem dito a propósito da própria Igreja Católica, “um ‘hospital de campanha’ para a juventude LGBTQ” que, “em comparação com seus pares heterossexuais, sofre taxas muito mais altas de doença mental”. É para acolher e responder a “esse tipo de desespero e a esse tipo de rejeição que as pessoas LGBTQ estão experimentando” que o encontro se realiza.
As cartas do Papa e do cardeal Dolan surgem depois de uma petição exigindo à Universidade de Fordham o cancelamento da conferência ter recolhido cerca de 90 mil assinaturas. A petição, um notório exemplo da linguagem extrema utilizada pelos setores católicos anti-Francisco, acusa James Martin de ser “um lobo com pele de cordeiro”, de apoiar ‘missas de Orgulho’ blasfemas e ‘rosários arco-íris’ sacrílegos” e conclui: “Em suma, a sua mensagem é esta: ‘Aceitar a homossexualidade. Subverter a Igreja’.”
