Papa Francisco afasta fundador da comunidade monástica de Bose
O fundador da Comunidade de Bose, Enzo Bianchi, e outros três membros da mesma comunidade, terão de abandonar o mosteiro, cessando todas as suas funções na comunidade, segundo estabelece um decreto assinado pelo secretário de estado da Santa Sé, Pietro Parolin, e aprovado pelo Papa Francisco. A decisão foi anunciada pelo Vatican News e surge na sequência de queixas apresentadas por outros elementos da comunidade e de uma visita apostólica conduzida por elementos da Cúria.
Numa nota publicada no site do mosteiro italiano, onde vivem monges e monjas de várias igrejas cristãs, pode ler-se que “diferentes partes da comunidade” manifestaram “sérias preocupações” à Santa Sé, “que davam conta de uma situação tensa e problemática no que respeita ao exercício da autoridade por parte do fundador, a gestão do governo e o clima fraterno”.
Estas queixas terão motivado uma visita apostólica, realizada em dezembro e janeiro passados, em que foram recolhidos “testemunhos livremente dados por cada membro da comunidade”. A decisão final do Papa, “após prolongado e atento discernimento e oração”, foi a de afastar da comunidade o seu fundador Enzo Bianchi, e ainda os irmãos Goffredo Boselli, Lino Breda e Antonella Casiraghi, explica o comunicado.
A comunidade de Bose é uma das que foram fundadas no pós-Concílio Vaticano II (1962-65). O então jovem Enzo Bianchi, nascido em 1943, chegou em 1965 a uma quinta abandonada perto de Turim, no norte de Itália, com a ideia de criar uma comunidade monástica. Três anos depois, juntaram-se-lhe três pessoas, incluindo uma mulher e um pastor protestante de tradição calvinista. Com eles escreveu a Regra da comunidade, mantendo-se como prior até 2017. Quando Bose assinalou os 50 anos, em 2018, já tinha sido substituído por Luciano Manicardi. A comunidade, que conta com cerca de oitenta membros (irmãos e irmãs), de cinco nacionalidades, está presente em outros quatro lugares de Itália (Assis, Ostuni, Cellole – San Gimignano e Civitella) (RM), além de Jerusalém (Israel).
Desde o início, a comunidade centrou o seu carisma em dimensões como a hospitalidade, a liturgia cuidada e renovada, o diálogo ecuménico entre católicos, protestantes, ortodoxos e luteranos, e também o diálogo inter-religioso. Em 1983 a comunidade criou as Edizioni Qiqajon que publica textos de espiritualidade bíblica, dos teólogos dos primeiros séculos do cristianismo, litúrgica e monástica. Os membros da comunidade vivem exclusivamente do produto do seu trabalho.
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