
Conferência de imprensa do Papa Francisco no voo de regresso a Roma, vindos de Malta. O Papa mantém o hábito de conceder regularmente entrevistas, mesmo a meios não católicos. Foto © Vatican Media
O Papa garante que o seu problema de saúde é no joelho e desmente que esteja com cancro, ou sequer que pense em renunciar, pelo menos nesta fase. Em entrevista à Reuters, Francisco garante que “quando chegar o tempo em que vir que já não sou capaz…farei isso”, sublinhado que esse foi um grande exemplo deixado pelo Papa Bento XVI quando fez essa escolha em 2013.
Apesar dos rumores que circulam por causa do consistório, da reunião com todos os cardeais sobre a nova constituição da Cúria e da visita a L’Aquila, que abrem a hipótese de pensar no cenário de renúncia, Francisco atribui tudo a “mexericos da corte” que é o Vaticano. “Ainda existe o espírito da corte no Vaticano. Repare que o Vaticano é a última corte europeia de monarquia absoluta. Ainda não deixou de ser uma corte”, referiu na mesma entrevista.
Sobre os problemas no joelho, esses sim, bem reais, Francisco contou que sofreu “uma pequena fratura” quando cometeu um erro enquanto um ligamento estava inflamado. “Estou bem, estou a melhorar lentamente”, acrescentou, explicando que a fratura está a cicatrizar, auxiliada por laser e magnetoterapia.
Sobre futuras visitas, quando o joelho o permita, o Papa conta conseguir cumprir o seu objetivo de visitar o Canadá no final deste mês de julho, e falou do “muito sofrimento” que sentiu ao ter de adiar a viagem à República Democrática do Congo e Sudão do Sul, pois queria promover a paz naqueles países, ele que, em 2019, já havia feito aquele gesto ainda hoje recordado de beijar os pés aos responsáveis políticos do Sudão do Sul.
Depois, revelou ao jornalista o desejo de visitar Moscovo e Kiev assim que possível. “Eu gostava muito de ir [à Ucrânia] e queria ir a Moscovo primeiro”, disse o Papa.
Francisco reconheceu que houve contactos entre o secretário de Estado Pietro Parolin e o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, sobre uma possível viagem a Moscovo, mas que os sinais iniciais não eram bons, admitindo que, entretanto, algo possa ter mudado. “Trocámos mensagens sobre isto porque pensei que, se o Presidente russo me desse alguma abertura, eu iria até lá servir a causa da paz. E agora é possível, depois de voltar do Canadá, é possível que eu consiga ir à Ucrânia. A primeira coisa é ir à Rússia para tentar ajudar, mas eu gostaria de ir às duas capitais”.
Numa conversa de 90 minutos, na tarde de sábado, realizada em italiano, sem a presença de auxiliares, o pontífice de 85 anos repetiu também a sua condenação do aborto, na sequência da decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos no mês passado, segundo noticia a Renascença.