
Cardeal George Pell: “O Papa foi eleito para limpar as finanças do Vaticano”. Foto Kerry Myers/Wikimedia Commons
O Papa oficializou esta segunda-feira, 28 de setembro, a nomeação do advogado e professor de Direito Comercial da Universidade de Tor Vergata de Roma, Gianluca Perone, como novo promotor de justiça do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano. No mesmo dia, a agência de notícias da Conferência Episcopal Australiana, CathNews, noticiava que o cardeal Georg Pell, ex-responsável máximo das Finanças da Santa Sé, regressaria a Roma esta semana, três anos depois de ter ido para a Austrália, onde decorria então o processo penal no qual era acusado de crimes de pedofilia, e dos quais acabou por ser absolvido.
A chegada ao Vaticano destes dois elementos está a ser associada por inúmeros media internacionais à resignação, na semana passada, do cardeal italiano Angelo Becciu, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, suspeito de estar envolvido em diversos escândalos financeiros.
São conhecidas as fortes divergências que Pell teve com Becciu relativamente à gestão dos recursos financeiros da Secretaria de Estado, quando este último era o número dois daquele organismo, a seguir ao próprio secretário de Estado, cargo que ocupou entre 2011 e 2018, quando foi nomeado para a Causa dos Santos.
“O Santo Padre foi eleito para limpar as finanças do Vaticano. Este é um jogo longo e devemos agradecer-lhe e dar-lhe os parabéns pelos desenvolvimentos recentes”, escreveu Pell num comunicado citado pela CathNews. “Espero que a limpeza dos estábulos continue no Vaticano e em Victoria”, acrescentou, aludindo a um dos escândalos no qual Becciu está envolvido e que diz respeito ao desvio de dinheiro do Óbolo de São Pedro para a aquisição de um edifício em Londres.
Quanto ao jurista Gianluca Perone, segundo a legislação em vigor, é nomeado para um mandato de três anos “face a necessidades judiciais específicas”. O Vaticano não avançou mais informações sobre esta nomeação, mas é muito provável que as “necessidades específicas” que implicaram a contratação deste especialista em direito corporativo, bancário, financeiro e de propriedade, estejam relacionadas com a exigente investigação em curso que envolve o ex-prefeito para a Congregação para a Causa dos Santos, avança o jornal Avvenire.