
Imagem do Cais Favaloro, em Lampedusa, em julho de 2023. Nas últimas semanas, têm chegado à ilha milhares de migrantes. Foto © Pedro Amaro Santos
O Papa pediu este domingo uma atenção especial ao fenómeno migratório, enquanto na ilha italiana de Lampedusa a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, veio pedir “uma solução europeia” para as vagas de pessoas que chegam sem documentação à Europa. Na última semana, só a Lampedusa chegaram cerca de 8500 pessoas.
Falando ao lado da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que tem um discurso securitário sobre migração, Ursula von der Leyen alinhou pela necessidade de uma resposta coordenada, no que o jornal Politico definiu como uma abordagem europeia que acompanha a resposta italiana na questão da migração.
“Vim aqui dizer-vos: a migração para a Europa é um desafio que requer uma solução europeia”, disse Von der Leyen. Se “a migração irregular é um desafio europeu que precisa de uma resposta europeia”, disse, citada pelas agências, “são ações concretas que trazem as mudanças no terreno. E só através de solidariedade e união podemos conseguir alcançar [essas mudanças]”, atirou.
No discurso da presidente da Comissão Europeia, o alvo são os traficantes de pessoas, mas no final são os migrantes que sentirão essas ações concretas. “Temos uma obrigação, como parte da comunidade internacional, cumprimo-la no passado e continuaremos a cumpri-la, hoje e no futuro, mas nós decidimos quem vem para a União Europeia e sob que circunstâncias e não os contrabandistas e os traficantes”, notou numa conferência de imprensa, este domingo de manhã.
Depois confirmou ao que vinha, com as suas palavras: “Os traficantes são gente sem escrúpulos que ganham milhares de milhões pondo as pessoas nas embarcações com ajuda de mentiras: põem-nas em perigo só para ganhar dinheiro”, disse Ursula von der Leyen. “Por isso, é preciso explicar nos países de origem que quem opta pelos traficantes pode perder o seu dinheiro. Se vierem de forma legal, dar-lhes-emos as boas-vindas.”
Papa: “Em primeiro lugar, a dignidade humana”

Já o Papa Francisco (cuja primeira visita no seu pontificado foi exatamente a Lampedusa) insistiu numa abordagem da questão que atenda à dignidade das pessoas. Para o bispo de Roma, o fenómeno migratório “representa um desafio nada fácil, como vemos nas notícias destes dias, mas que deve ser enfrentado em conjunto, porque é essencial para o futuro de todos. Este só será próspero se for construído sobre a fraternidade, colocando em primeiro lugar a dignidade humana, as pessoas concretas, sobretudo as mais necessitadas”, realçou, citado pela Agência Ecclesia.
Ao pedir orações pela sua viagem à cidade francesa de Marselha, na próxima sexta-feira e sábado, para participar na conclusão dos Encontros do Mediterrâneo, que reúne responsáveis eclesiais, políticos e da sociedade civil, o Papa sublinhou que este evento pretende “promover percursos de paz, de colaboração e de integração, em volta do ‘Mare Nostrum’, com uma atenção especial ao fenómeno migratório”.
Francisco deixou um agradecimento às autoridades civis e religiosas, que o vão receber em Marselha, cidade chamada a ser “porto de esperança”.