
“Mais do que distribuir bens, que aliás serão necessários sempre, é preferível transmitir conhecimentos e dar instrumentos que tornem o progresso autónomo e sustentável”, defendeu Francisco. Foto © Vatican Media.
O segundo dia do Papa na República Democrática do Congo (RDC) terminou com um encontro com representantes de organizações caritativas no país. Agradeceu-lhes e elogiou o seu trabalho de “promoção contra a exploração”, mas também lhes deixou um pedido: que as suas iniciativas sociais e obras de caridade sejam “sustentáveis e duradouras, não simplesmente assistencialistas”.
“Mais do que distribuir bens, que aliás serão necessários sempre, é preferível transmitir conhecimentos e dar instrumentos que tornem o progresso autónomo e sustentável”, defendeu Francisco.
O Papa desafiou depois todos os católicos, que representam cerca de 50% da população da RDC, a trabalhar em conjunto com as outras comunidades cristãs e outras religiões, além dos organismos humanitários presentes no país, “para benefício dos pobres”.
Francisco pediu ainda que os seus membros destas organizações rejeitem a “busca de privilégios, prestígio, visibilidade e poder”, assumindo uma gestão “exemplar” dos recursos financeiros.
O encontro contou com a participação de organizações que ajudam doentes de Sida, lepra e pessoas com deficiência, entre outros.
“Apetece chorar ao ouvir histórias, como as que me contastes, de pessoas que sofrem condenadas pela indiferença geral a uma vida errante que as leva a viver na rua, expondo-as ao risco de violências físicas e abusos sexuais e até à acusação de bruxaria, quando estão apenas carentes de amor e de cuidados”, confessou Francisco, que havia já ficado visivelmente abalado com os testemunhos escutados no encontro anterior, partilhados por vítimas de violência no leste do país.
O Papa lamentou a discriminação de que ainda são vítimas os doentes de lepra, criticando o descarte de crianças e idosos. “É preciso que, sobretudo os jovens, vejam isto: rostos que superam a indiferença fixando as pessoas nos olhos, mãos que não pegam em armas e não manuseiam dinheiro, mas estendem-se a quem está caído por terra e o levantam para a sua dignidade, a dignidade de filha e filho de Deus”, sublinhou.
E alertando que “o que causa a pobreza não é tanto a ausência de bens e de oportunidades, mas a sua iníqua distribuição”, convidou “quem é abastado, particularmente se cristão” a “repartir o que possui com quem carece do necessário, sobretudo se pertence ao mesmo povo”.