
Ao lado de um padre libanês que tinha ido assistir à audiência, Francisco convocou um dia de oração e jejum pelo país (2 de setembro de 2020). Foto: Vatican News.
O Papa Francisco encerrou a jornada ecuménica de oração e debate pela paz no Líbano, pedindo respostas internacionais para a “grave crise” no país do Médio Oriente e denunciando o que considerou “interesses e lucros alheios” ao país.
“Reunimo-nos hoje para rezar e reflectir, impelidos por uma grande preocupação pelo Líbano ao ver mergulhado numa grave crise este país, que trago no coração e desejo visitar”, afirmou o Papa. A celebração final da jornada, que decorreu nesta quinta-feira, 1 de Julho, realizou-se na Basílica de São Pedro e contou com os responsáveis cristãos libaneses que participaram no encontro.
Citado na agência Ecclesia, o Papa falou num povo “desiludido e exausto”, que precisa de “projectos de paz” para preservar o seu “tesouro de civilização e espiritualidade, que irradiou ao longo dos séculos sabedoria e cultura, que testemunha uma experiência única de convivência pacífica”.
“Chega de usar o Líbano e o Médio Oriente para interesses e lucros alheios! É preciso dar aos libaneses a possibilidade de serem protagonistas dum futuro melhor, na sua terra e sem interferências indevidas”, afirmou Francisco.
O Líbano, acrescentou, “não pode ser deixado à mercê do destino ou de quem busca sem escrúpulos os próprios interesses”, considerando o país como “uma mensagem universal de paz e fraternidade que se eleva do Médio Oriente”.
O encontro incluiu três momentos de debate, à porta fechada. A oração conclusiva contou com a presença de embaixadores da Santa Sé, comunidades religiosas e leigos libaneses residentes em Roma. Mas ela teve uma dimensão “exclusivamente religiosa”, pelo que não foram convocados responsáveis políticos do Líbano.
A oração ecuménica incluiu a proclamação de algumas passagens da Bíblia, orações e cantos das diferentes tradições cristãs presentes no Líbano, com textos em árabe, sírio, arménio e caldeu.
No final da celebração, alguns jovens entregaram aos participantes uma lâmpada, antes do discurso conclusivo do Papa.
“Nestes tempos de desgraça, queremos afirmar com todas as forças que o Líbano é e deve continuar a ser um projeto de paz”, referiu Francisco, que falou numa crise económica, política e social e desafiou os políticos a encontrar “soluções urgentes e duradouras”.
A sua vocação é ser uma terra de tolerância e pluralismo, um oásis de fraternidade onde diferentes religiões e confissões se encontram, onde comunidades diversas convivem, sobrepondo o bem comum às vantagens particulares”.
Francisco referiu-se também aos “irmãos e irmãs muçulmanos e de outras religiões”, manifestando a abertura e disponibilidade da Igreja Católica para “colaborar na construção da fraternidade e na promoção da paz”.
“Espero que este dia seja seguido de iniciativas concretas sob o signo do diálogo, do empenho educativo e da solidariedade”, concluiu.